Nove anos separam o primaveril In Colour - que foi o nosso sétimo colocado na agora longínqua lista de melhores discos internacionais de 2015 -, de In Waves, o segundo trabalho do produtor britânico Jamie xx. Claro que o músico não parou durante esse tempo, contribuindo com diversos artistas, entre eles Romy e Oliver Sim, seus companheiros no The xx, que também lançaram projetos solo. Mas já faz muito tempo do último registro. E a realidade é que muita coisa aconteceu - de pandemia à guerras, passando por avanços tecnológico e crises políticas globais. E em meio a isso as pessoas ficando meio paralisadas, doentes e solitárias - mas também em busca de alguma válvula de escape. E é aí que entra a música e seu poder. De possibilitar a dança, mas também a imersão. A conexão com algo. Com pessoas. Com ideias. Com imagens mentais. E acho que Jamie xx faz essa ponte como poucos.
É meio curioso notar como as suas canções emergem ideais para a turbulência das pistas, em meio a algum tipo de transe ou catarse coletivas - possibilitadas pelos sintetizadores urbanos e pela polidez vítrea -, ao mesmo tempo que também parecem funcionar bem para o consumo solitário, em meio a alguma madrugada quente, que avança rumo ao raiar de um novo dia. É uma música ao mesmo tempo minimalista, que é quase um mantra aveludado e levemente tenso (como na abertura Wanna, que faz a apropriada transição do trabalho anterior para a ambientação mais selvagem deste), mas também elaborada, como no single Waited All Night, que justamente tem Romy nos vocais. "As pessoas precisavam dançar, sair de casa, se encontrar" chegou a comentar o artista em entrevistas, ainda no pós covid-19. O resultado desse conjunto parece todo depositado aqui: enérgico e quente (Baddy on the Floor), mas também primaveril e suave (The Feeling I Get From You). Difícil ficar alheio.
Nota: 9,0
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