segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Novidades em Streaming - Os Horrores de Caddo Lake (Caddo Lake)

De: Celine Held e Logan George. Com Eliza Scanlen, Dylan O'Brien e Lauren Ambrose. Drama / Suspense / Ficção Científica, EUA, 2024, 99 minutos.

Taí um filme que, por conta do roteiro mirabolante e com algumas surpresas, deve suscitar um sem fim de teorias malucas ou ainda uma série de vídeos de canais cinéfilos presunçosos que, supostamente, terão a explicação "definitiva" para aquilo que assistimos. Bom, Os Horrores de Caddo Lake (Caddo Lake), obra que está disponível na plataforma Max, foi produzido por M. Night Shyamalan - e dá pra sentir, em alguma medida, o DNA da filmografia do indiano na trama meio rocambolesca sobre uma criança que desaparece (e sobre adultos tentando encontrar alguma lógica naquele sumiço). No mais, para além da história a respeito de perda, luto e de pessoas tentando sobreviver em um ambiente meio inóspito, há uma boa construção do suspense, que poderá impactar aqueles que não estão menos preocupados com as reviravoltas e mais com a ambientação. Com o clima. Com aquilo que parece que gera medo para além do medo em si. Uma coisa meio simbólica. Imaginária.

Aliás, interessante notar como os filmes de suspense - ou de terror - costumam utilizar de forma eficiente o lago, o rio, a cachoeira, a floresta ou os elementos da natureza. Quanto mais inóspita, mais aterrorizante aparentará. Mais fechado, mais denso o arvoredo, mais melancólico e sombrio parecerá o entorno. No filme dos diretores Celine Held e Logan George ainda há um agravante: o lago que dá nome ao título baixou. E deixou evidente uma espécie de pântano, com galhos retorcidos, água essencialmente turva (e meio marrom) e uma sensação geral de estranhamento, que parece ampliada pelo fato de Paris (Dylan O'Brien) ser justamente um funcionário de uma empresa que trabalha na limpeza de canos e equipamentos junto a uma barragem do manancial, que se localiza no limite entre os estados de Louisiana e Texas. Paris tem um perfil meio taciturno, que se explica pelo fato de ele ter perdido a mãe após um trágico acidente em que ela perdeu controle do veículo, justamente sobre a ponte do lago - o que a levou a morte por afogamento.


 

Em paralelo a história de Paris acompanhamos uma segunda linha narrativa, onde somos apresentados à jovem Ellie (Eliza Scanlen), que tem uma turbulenta relação com sua mãe Celeste (Lauren Ambrose), o que envolve o desaparecimento do seu pai, no passado, em circunstâncias misteriosas. E como se tudo já não fosse tenso o suficiente - as brigas podem emergir de situações banais -, tudo piora quando Anna (Caroline Falk), a meia-irmã de Ellie de apenas oito anos, desaparece nas proximidades do lago. Anna será encontrada, sozinha, em meio ao pântano lodoso. Com tudo se tornando mais e mais curioso com o surgimento de animais improváveis, de mariposas já extintas e de barulhos que parecem vindos do além. Ali pelas tantas as histórias vão se cruzar e, bom, muito mais do que isso é meio difícil de falar, sob pena de estragar a experiência.

O caso é que esse é aquele tipo de filme que pode irritar um pouco o espectador que espera que tudo seja mais mastigadinho - com início, meio e fim bem definidos. Mas que poderá ser bem aproveitado se não houver uma fixação nisso. Não precisamos compreender tudo, afinal. Porque o que nos pega aqui é a experiência nebulosa sobre passado, presente e memória. E a tentativa de seguir em frente quando tragédias acontecem. Aqui e ali esse pode ser um projeto que acena - ainda que discretamente - para questões ambientais, já que as coisas ficam bastante estranhas justamente quando a água baixa (e a seca se torna irrefreável). Mas o principal é a instabilidade ilógica. As idas e vindas com os pequenos botes, que se lançam em estreitos e labirínticos córregos de água baixa, suja e rodeada por uma vegetação invasiva, que pode fazer as pequenas embarcações travarem. Voltas e voltas dentro da floresta enorme. E uma história que se amarra em dramas humanos, perdas e abandonos e uma certa necessidade de suspensão da descrença. Dá pra curtir de boas em uma noite descompromissada.

Nota: 7,5


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