De: Brandon Trost. Com Seth Rogen, Sarah Snook, Carol Leifer e Betsy Sodaro. Comédia, EUA, 2020, 89 minutos.
Devo confessar a vocês que foi a trama excêntrica de An American Pickle aquilo que me atraiu para essa comédia bobagenta da HBO Max. E o melhor de tudo: não me arrependi! E olha que aqui está falando um sujeito que já anda bastante saturado daquele humor meio "mangolão" que costuma ter o Seth Rogen como protagonista. Mas aqui o negócio funciona direitinho - especialmente no que diz respeito aos contrastes existentes entre um judeu do começo do século 20, que precisa (re)aprender a viver no universo tecnológico (e recheado de extremismos) dos dias de hoje. A narrativa nos apresenta a um certo Herschel Greenbaum (Rogen), um operário que migra para os Estados Unidos em busca do sonho americano, depois de os cossacos destruírem o vilarejo em que ele morava, em algum lugar da Rússia Oriental. Tudo corria relativamente bem na fábrica de pepinos em conservas que ele trabalhava até o dia em que, acidentalmente, ele cai em um tanque de picles, permanecendo na salmoura por... 100 anos!
Sim, ninguém percebe o acidente, já que a fábrica é lacrada ainda em 1919 por um problema envolvendo o excesso de ratos no local. Só que 100 anos depois uma dupla de meninos descobre o corpo do homem. Que não apenas está vivinho da silva, como não envelheceu um "milímetro" sequer. Sem se ocupar demais com a curiosidade natural que o fato poderia gerar na comunidade científica - e na imprensa sensacionalista em geral -, o filme do diretor Brandon Trost pula estas etapas indo direto para a parte em que ele encontra um de seus descendentes - no caso o bisneto Ben Greenbaum (também interpretado por Rogen), que trabalha como desenvolvedor de aplicativos. É óbvio que não será necessário ser nenhum adivinho para imaginar que será a partir desses contrastes que emergirão as melhores piadas da obra. Com os dois não apenas tendo dificuldade para se entender como ainda disputando espaço no "mercado".
É claro que a gente sabe que essa história toda tem os dias contados, mas até lá temos uma ampla oferta de piadas que envolvem as extravagâncias dos padrões de consumo de hoje - a irritação de Herschel ao perceber que a vodka, nos dias de hoje, é misturada com... baunilha, é ótima -, até a cultura do cancelamento gestada pelas redes sociais. Nesse sentido, não há melhor momento do que aquele em que o veterano começa a colocar as suas "opiniões impopulares" no Twitter, o que faz com que atraia um sem fim de conservadores reacionários americanos - adeptos de Deus, da família e das armas (e muito provavelmente votantes do Trump). Sim, é meio besta. Sim, a lição de moral sobre unir esforços por um bem maior é meio óbvia. Mas faz rir, tem boas referências culturais e ainda é tecnicamente bem feito (o desenho de produção das cenas do passado, é digna de grandes obras de época). O que comprova mais uma coisa: até quando a HBO Max produz algo que teria tudo pra dar errado, ela acerta.
Nota: 7,0
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