segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

10 Melhores Filmes de 2014 - Por Tiago Bald

10) Nebraska (Nebraska)

De: Alexander Payne. Com Bruce Dern, Will Forte e June Squibb. Comédia dramática, 115 min.

A "safra" do Oscar desse ano tava tão boa que quase dá pra arremessar todos os filmes que concorreram pra cima e pegar qualquer um que cair, pra constar nessa lista. Nessa pérola de Alexander Payne - que já havia nos brindado anteriormente com outros ótimos filmes como Sideways - Entre Umas e Outras (2004) e As Confissões de Schmidt (2002) - um idoso (Bruce Dern) acredita ter ganho US$ 1 milhão, após receber uma daquelas propagandas chatas de revista. Mesmo ciente do "golpe", o filho David (Will Forte) resolve encarar a empreitada junto do pai, como forma de se reaproximar dele. Com fotografia em preto e branco e coadjuvantes inspiradíssimos - June Squibb é pura diversão! -, a obra diverte e emociona ao mesmo tempo.


9) Fruitvale Station - A Última Parada (Fruitvale Station)

De: Ryan Coogler. De: Michael B. Jordan, Melonie e Octavia Spencer. Drama, 85 minutos.

Quase passa meio batida a empreitada do diretor estreante Ryan Coogler, mas o fato é que Fruitvale Station - A Última Parada é um filme impactante, pesado, amargo e, em muitos aspectos, revoltante. Baseado em fatos reais, o filme narra os últimos dias de vida de Oscar Grant (Jordan) que, em 2008, ao sair para ver as festividades de ano-novo em San Francisco, sofre as sérias consequências de uma abordagem de polícia inconsequente, despreparada, racista e, pronta para apontar qualquer armamento para um sujeito, apenas pelo fato de ele ser negro. Grant não é flor que se cheire - acaba de ser demitido, tem problemas familiares e passagens pela polícia - e este fato torna a composição de personagem fascinante. Um filme essencial.


8) Alabama Monroe (The Broken Circle Breakdown)

De: Felix Van Groeningen. Com: Johan Heldenbergh, Veerle Baetens e Nell Catrysse. Drama, 109 minutos.

Filmes sobre pais que perdem filhos por conta de uma tragédia não chegam a ser novidade - puxando pela memória é possível se lembrar de O Quarto do Filho (2001), Anticristo (2009) e Reencontrando a Felicidade (2010). Mas a abordagem desse, candidato ao Oscar pela Bélgica, é tão sincera e honesta que é impossível não se envolver com a história. Ele, músico, é um inveterado romântico. Ela, tatuadora, não acredita na felicidade fruto de relacionamentos homem/mulher. A despeito das diferenças, eles têm uma filha que, aos seis anos, é diagnosticada com uma grave doença. A escalada montanha-russa abaixo, de um casal que "era feliz e não sabia", é retratada com câmera na mão, de forma intimista, com alta exposição de cada personagem. 


7) O Homem Duplicado (Enemy)


De: Dennis Villeneuve. Com Jake Gyllenhaal, Melanie Laurent e Sarah Gadon. Suspense, 90 minutos.

Dennis Villeneuve é o diretor de Incêndios (2010) e Os Suspeitos (2013) - naquela época o blogue ainda não existia, mas eu garanto que ambos estavam no nosso Top 10 de seus anos. A qualidade das suas produções anteriores é uma boa credencial para esta curiosa obra, sobre um tranquilo e introspectivo professor de história, que descobre um sósia seu, entre os figurantes de um filme - que até parece do Wes Anderson, diga-se. A obsessão em encontrar o sujeito se torna a sua prioridade, em uma trama com suspense sufocante, que só vai crescendo conforme passam os minutos. As possíveis discussões incitadas pelo filme, são parte da diversão, já que é possível ficar horas e horas discorrendo sobre aquilo que se viu (ou não!) na tela.


6) 12 Anos de Escravidão (12 Years A Slave)

De: Steve McQueen. Com Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Benedict Cumberbatch e Lupita Nyong'o. Drama, 133 minutos.

12 Anos de Escravidão é aquele filme que faz com que A Cor Púrpura (1985) e Amistad (1997) - pra citar apenas dois que abordam temas relacionados ao preconceito racial - mais pareçam filmes infantis. Solomon Northup (Ejiofor) é um escravo liberto, que vive ao lado da esposa, nos Estados Unidos do ano de 1841. Enganado por empregadores, o homem é sequestrado e acorrentado, passando a viver novamente como escravo, sem chance de qualquer explicação. A degradação de Northup que, durante anos sofre as mais duras humilhações físicas e emocionais - ao lado de outros negros -, é mostrada nesse filme áspero, de fotografia amarelada e melancólica e com elenco estelar. Um tema que, dados os eventos recentes, nunca esteve tão atual. Infelizmente.


5) O Lobo Atrás da Porta

De: Fernando Coimbra. Com Leandra Leal, Milhem Cortaz e Fabíula Nascimento. Suspense, 100 minutos.

O Lobo Atrás da Porta é um exemplar brasileiro daqueles pra mostrar que o cinema "tupiniquim" (ô palavrinha), de fato está mudando. Saem os regionalismos e a favela - temas tão batidos - para entrar o Brasil urbano, dos subúrbios, dos grandes centros, das estações de trem - algo que os nossos hermanos argentinos, há HORAS já fazem. O filme envolve o desaparecimento de uma criança, que faz com que os pais Bernardo e Sylvia (Milhem Cortaz e Fabíula Nascimento, sempre boas presenças), prestem queixa na delegacia. Mas é o surgimento de uma amante, vivida por uma impressionante Leandra Leal, que vai fazer com que se descortine uma trama de mentiras, ciúmes e vingança. Fundamental.


4) O Passado (Le Passé)

De: Asghar Farhadi. Com Bérenice Bejo, Tahar Rahim e Ali Mosaffa. Drama, 130 minutos.

Os dois filmes anteriores de Asghar Farhadi - Procurando Elly (2009) e A Separação (2010) - já seriam suficientes para incluí-lo ao lado de grandes diretores estrangeiros modernos, como Michael Haneke e Kim Ki Duk. No filme, um homem retorna a casa da esposa para acertar os detalhes que concluirão o processo de divórcio. No local, o iraniano Ahmad (Ali Mosaffa), descobre o real motivo do pedido: ela já conheceu outro homem, com quem pretende casar. A partir desse fato, ocorre uma enxurrada de situações, capazes de levar o trio - e todos a sua volta - a ruína. A presença de personagens multidemensionais - nunca sabemos quem é bom ou ruim ou quem provocou tudo aquilo verdadeiramente - é um dos grandes méritos.


3) A Grande Beleza (La Grande Bellezza)

De: Paolo Sorrentino. Com Toni Servillo, Carlo Verdone e Sabrina Ferilli. Comédia dramática, 141 minutos.

Discutir a arte nos dias de hoje parece ser um dos temas fundamentais de A Grande Beleza, ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro desse ano. O roteiro gira em torno de um escritor, interpretado pelo ator Toni Servillo, que, após escrever um grande sucesso, nunca mais retoma a boa forma artística. Frustrado, ele não deixa de aproveitar os prazeres da vida, participando das altas rodas da sociedade, em festas luxuosas e imponentes - no melhor estilo Marcelo Mastroiani em A Doce Vida de Fellini. Visualmente impactante, a obra diverte e provoca a respeito daquilo que seria arte nos dias de hoje. Livros de auto-ajuda? Marina Abramovic? Michel Teló? O espectador é quem decide.


2) Garota Exemplar (Gone Girl)

De: David Fincher. Com Ben Affleck, Rosamund Pike e Neil Patrick Harris. Suspense, 149 minutos.

Um dos possíveis candidatos ao próximo Oscar, Garota Exemplar é aquele tipo de filme em que as aparências enganam. No dia do aniversário de casamento Amy Duke (Rosamund Pike, arrebatadora), desaparece. O marido Nick (Ben Affleck), após algumas desastrosas aparições em programas sensacionalistas de TV, somadas a algumas evidências aparentemente deixadas no local do crime, se torna um dos principais suspeitos. As idas e vindas da edição, mostrando as motivações de cada personagem são de cair o queixo. E talvez Rosamund Pike não ganhe a estatueta dourada - dizem que Juliane Moore está demais em Para Sempre Alice (2014). Mas a sua entrega a personagem é um dos pontos altos da trama.


1) Ela (Her)

De: Spike Jonze. Com Joaquim Phoenix, Scarlett Johansson e Amy Adams. Drama / Ficção científica, 126 minutos.

Não bastasse a pertinente discussão sobre os caminhos da tecnologia - e de como seremos conduzidos, no futuro, por ela - o filme, uma obra-prima de ficção científica, é um suspense romântico daqueles de te deixar grudado na cadeira até o final dos créditos de encerramento. Na obra, o personagem Theodore (vivido por um atormentado Joaquin Phoenix), é  um escritor solitário que adquire um sistema operacional que possa entretê-lo. O problema é a perfeição desse sistema: não conseguindo resistir a voz rouca e sussurrada de Samantha (Scarlett Johansson), Theodore se "apaixona" pelo sistema. Um filme diferente, que, de quebra, ainda vem embalado pela trilha sonora composta por Karen O (vocalista do Yeah Yeah Yeahs).

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Boa lembrança, Bruno!
      Na verdade, ainda não assistimos o Boyhood, acredita? Mas está na fila, e muito provavelmente teremos a resenha até o final da semana. Quem sabe rola um update na lista ;)
      Abraço!

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