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terça-feira, 26 de agosto de 2025

Pitaquinho Musical - Lorde (Virgin)

Quando Lorde lançou o Solar Power (2021), a opinião da crítica e do público foi meio que unânime: o terceiro disco da neozelandesa, por melhores que fossem as suas intenções, parecia meio deslocado do seu tempo. O mundo recém saía de uma pandemia, uma série de tensões perto em vias de ebulição e o álbum parecia um convite quase ingênuo a uma dança psicodélica de maturidade forçada. Bom, o fato é que não emplacou. Ainda mais depois do impacto de Melodrama (2017), nosso primeiro colocado na lista internacional daquele ano, que permanece, com seu apelo à dança solitária e frenética no escuro, como um dos registros mais importantes da década anterior. E, bom, passado todo esse tempo - e é quase inacreditável que a artista já esteja com doze anos de carreira -, chegamos à Virgin que é, com seus sintetizadores sombrios e letras bastante confessionais, um retorno às origens. Por mais batido que possa parecer esse conceito.

 


E esse tipo de renascimento observado nas canções - cheias daquela melancolia movimentada, que funciona com fones de ouvido na madrugada do quarto, mas também em danças hipnóticas nos inferninhos da vida -, também dialoga com uma série de aspectos da vida pessoal, de Lorde e que vão desde um término de relacionamento, passando por um transtorno disfórico pré-menstrual que ocorreria após ela parar de tomar anticoncepcional, até chegar às cobranças relacionadas à imagem pessoal e ligadas às exigências da indústria. O resultado é uma colação de canções que já nascem com aquela cara de hino com refrãos pegajosos, como no caso de Man of The Year (que investiga às complexidades de gênero), Favourite Daughter (sobre medos decorrentes da fama inesperada e a necessidade de aprovação) e Broken Glass (a respeito do impacto dos distúrbios alimentares). Visceral, sexy, adulto, mundano e totalmente conectado com os dilemas contemporâneos. Lorde sendo Lorde era só o que precisávamos nesse 2025.

Nota: 9,0