segunda-feira, 31 de março de 2025

Pitaquinho Musical - The Loft (Everything Changes Everything Stays the Same)

Vamos combinar que a gente chegou num ponto do consumo cultural que é tanta oferta que se torna meio que impossível não pensar que estamos deixando escapar algo. Sim, da série hypada ou da trend do Tik Tok do momento, passando pelo disco mais aguardado da estrela pop, muita coisa fica pelo caminho - e acho que esse é justamente o caso dessa estreia (!) carismática dos britânicos do The Loft. Ao cabo, lááá no final do ano, quando as listas de melhores discos do ano forem publicadas, o álbum Everything Changes Everything Stays the Same, provavelmente será um daqueles grandes trabalhos de 2025, que ninguém ouviu. E não sei se é o momento - sabe aquela coisa de "era exatamente isso que eu precisava AGORA" -, mas fiquei absolutamente encantado com as guitarrinhas perfumadas, os refrãos grudentos e as letras bem humoradas e irônicas dessa banda indie que parece uma mistura de Spoon com Real Estate, apesar de serem anteriores a esses.

 


Aliás, foi exatamente esse o papo que meti pra dois amigos, tentando vender o álbum como algo que valeria dar algum tipo de atenção - e não deixa de ser meio irônico o fato de o título do disco ser, numa tradução livre, algo como "tudo muda tudo permanece o mesmo", já que o grupo existe há mais de quatro décadas e, sabe-se lá por quê, nunca tinha tido um álbum pra chamar de seu (e vai ver em 1985 isso aqui pareceria meio deslocado mesmo). Bom, o álbum chega anos depois em um período em que toda a música do planeta já parece ter sido feita. Nesse sentido, como emergir da bolhazinha alternativa para alcançar um nicho maior? Talvez o The Loft - que é aquele tipo de banda bem raiz, de duas guitarras, baixo e bateria, aquela coisa meio analógica, mas atemporal, nostálgica mas imediata - nem saiba direito. Mas enquanto isso, eles nos divertem com essa sonoridade pop retrô, primaveril e grudenta que embala as candidatas a hit Feel Good Now, Dr. Clarke, Somersaults e The Elephant. Vale o play.

Nota: 8,5

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