quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Picanha em Série - Elite

De Carlos Montero e Dario Madrona. Com María Pedraza, Itzan Escamilla, Mina El Hammani, Jaime Lorente e Miguel Bernardeau. Suspense, Espanha, 2018, oito episódios.

Mal estreou na Netflix e a série adolescente Elite (Élite) já foi renovada para a segunda temporada. E não é para menos. Com uma trama que envolve um assassinato em um colégio de classe alta, um elenco jovem e bonito e uma edição dinâmica cheia de idas e vindas no tempo, a produção se transformou em uma verdadeira febre neste mês de outubro polarizado pelo debate político. Aliás, de alguma forma, a história também tem um belo pano de fundo político/social, que se vale da batida "luta de classes" para discutir temas como xenofobia, bullying e respeito igualdade entre gêneros, entre outros. A história começa quando três alunos recebem uma bola para estudar na Las Encinas, a melhor e mais exclusiva escola da Espanha. A bolsa é uma espécie de compensação dada pela construtora, pelo fato de a estrutura do colégio anterior ter desabado. É lá que os playboyzinhos terão de aprender a conviver com Samu (Itzan Escamilla), Nádia (Mina El Hammani) e Christian (Miguel Herran).

Moradores de bairros periféricos, os três provocarão uma espécie de choque cultural com os mais favorecidos, como o almofadinha Guzmán (Miguel Bernardeau) e sua namorada Lucrécia (a cantora Danna Paola), além do casal Pólo (Álvaro Rico) e Carla (Ester Esposito). Uma delegada investiga o que pode ter ocorrido no dia da morte de Marina (María Pedraza), que foi assassinada junto a piscina do educandário. Muitos dos personagens, no decorrer da trama, teriam motivos para isso - sendo justamente as diferenças de pensamento e de visões de mundo entre todos eles, um bom catalisador. Marina tem segredos relacionados ao passado e que virão à tona conforme a trama se desenrola. Aliás, em partes, será justamente esse "segredo" que fará com que ela se aproxime, naturalmente, dos estudantes novatos, especialmente de Samu, que se apaixona pela jovem.



As famílias de bem, votantes do Bolsonaro e que vão a missa todos os domingos, certamente terão problemas SÉRIOS com a produção, já que não são poucas as cenas de sexo. E sexo bastante variado - gay, a três, fetichista -, sendo as sequências, filmadas com bastante naturalidade. Aliás, nesse sentido, surpreende bastante a desinibição dos jovens que, na faixa dos 16 anos, dificilmente se mostram inseguros em relação ao assunto - todos parecem experientes, como se fossem veteranos calejados pela paixão e sabedores daquilo que querem. Em uma das melhores cenas, Carla argumenta com Christian sobre o fato de querer apimentar a relação com Pólo, já que esta pode estar caindo na mesmice. Uma jovem de 16 anos. Quer apimentar a relação que está na mesmice. E sugere o voyeurismo como uma alternativa. A gente se transforma quase na Madre Tereza diante dessa juventude bem resolvida - e que bom que sejam assim!

A série conta com outras personagens interessantes, como é o caso de Nano (Jaime Lorente), o irmão mais velho de Samuel. Com dívidas relacionadas ao tráfico, acabará arrastando boa parte dos amigos do irmão para o cenário de violência que lhe rodeia. Em meio a festas regadas a muita bebedeira e drogas, as diferenças de comportamento surgirão, o que gerará uma série de (ótimos) conflitos. Mesmo sendo um suspense relativamente bem estruturado, a trama também diverte, cabendo à interesseira Lucrécia (a Lu), algumas das melhores tiradas - e a sequência em que ela menciona o filme Marcelino Pão e Vinho é daquelas pra se dobrar rindo! Bom, não vai mudar o planeta, não é a melhor série de todos os tempos - inclusive tem uma série de problemas de "lógica de edição" -, mas é legal de assistir. Te prende. Daquelas pra maratonar sem dó.

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