Se escrever a lista de Melhores Discos Internacionais do ano já foi tarefa dura, a dos Grandes Filmes Lançados em 2022 não fica atrás. O período foi de grande produtividade, com uma verdadeira coleção de excelentes produções. E, para além dos limites de Hollywood, na nossa relação procuramos contemplar também obras de outros países, que, de alguma forma, possam se constituir em uma espécie de panorama de temas políticos, sociais, culturais e religiosos de nossos tempos. Nesse sentido, aqui a gente procura te lembrar que também existe cinema em locais como o Butão, o Uruguai, a Costa Rica, o México, a Romênia e o Brasil - a despeito do massacre à cultura perpetrado pelo pior presidente que já tivemos em nossa história. Bom, ainda está em tempo de colocar o cinema em dia. As eleições passaram, a Copa já está indo pra fim, o ano vai virar e a vida continua. Então, nada melhor do que dar o play e relaxar.
E se você gosta desse tipo de lista, antes de continuar a leitura não deixe de conferir as nossas relações dos anos anteriores - 2021, 2020, 2019, 2018, 2017, 2016 e 2015.
30) O Empregado e O Patrão (El Empleado y el Patrón): Muito mais do que um filme de teor político sobre questões que envolvem o universo do trabalho, essa é uma obra sobre relações humanas e seus pormenores. Isso não quer dizer que os contrastes sociais que colocam em lados opostos as duas famílias que acompanhamos em cena não estejam lá. Basta ver a moradia opulenta dos proprietários das lavouras de soja em contraponto a casa de pau a pique da família daquele que será contratado para trabalhar na safra. De um lado o maquinário agrícola que, em muitos casos, avaliza a riqueza. De outro, o cavalo solitário que simboliza um pouco de tudo ao mesmo tempo. O cenário é o Norte do Uruguai, na divisa com o Brasil - um local tão bucólico quanto inóspito. É nele que o jovem Rodrigo procurará alguém que possa auxiliar a família na colheita de grãos - o que ele conseguirá ao contatar Carlos, um rapaz de 18 anos que é filho de um antigo funcionário de seu pai. Tudo corre mais ou menos bem até o dia em que o o jovem empregado sofre um grave acidente de trabalho - o que resultará num verdadeiro jogo de xadrez que coloca frente a frente ambos os lados. É, ao cabo, um filme pequeno, incômodo, cheio de camadas. E que vale conferir. Leia a resenha completa.
29) Os Primeiros Soldados: Em uma das tantas cenas comoventes desse ótimo filme nacional, um homem magro, pálido, de aparência enfraquecida, entra em uma boate com um punhado de fotografias na mão. Ao fundo, a canção Linda Juventude, do 14 Bis, embala os sonhos coloridos da comunidade LGBTQIA+ em meio a danças, beijos e sorrisos. É um paradoxo assistir aquele sujeito fragilizado - ele tosse muito e se locomove com dificuldade no ambiente -, enquanto os versos primaveris, bucólicos, de Flávio Venturini ecoam pelo inferninho. É um momento tenso, triste. O personagem das fotos - retratos de si próprio com manchas na pele típicas de quem está com a imunidade baixa - é Suzano, que estava há oito meses desaparecido. E que retorna ao ambiente de festa como uma medida desesperada. É lá que ele tem um último contato com seu sobrinho Muriel. Falar dos primeiros casos de AIDS no Brasil - entre 1982 e 1984 - é o que diretor Rodrigo de Oliveira faz apostando em sutilezas, com um refinamento único e ainda evitando a pieguice. A proposta visa o resgate dessas pessoas, desses corpos, desses indivíduos. Sim, não é tarefa fácil um filme sobre esse tema sem uma cena sequer de hospital. Ou da transmissão da doença em si. Oliveira consegue. E nos comove. Leia a resenha completa.
28) Não! Não Olhe! (Nope): Uma obra sobre a natureza exploratória da indústria do entretenimento? Uma alegoria sobre apagamento de vidas negras e outras questões raciais? Uma análise social sobre o voyeurismo em tempos tecnológicos? Ou apenas um filme clássico de invasão alienígena? Definir Não! Não Olhe! não é tarefa fácil e, vamos combinar, está tudo bem. Aqui nada é definitivo mas tudo é envolvente, sensorial. E bastam os primeiros minutos para que já saibamos haver mais camadas por baixo da superfície. E mais outras. Como já se tornou uma tradição em sua curta filmografia, Peele discute uma série de temas, mas sempre apostando no dito pelo não dito, naquilo que fica nas entrelinhas. O resultado é uma experiência de muitas perguntas e poucas respostas. De uma aposta na alegoria, na metáfora como elemento norteador (o que vai da citação bíblica à conclusão que beira o delírio e o fascínio midiático).Os limites entre a razão e a imprudência, entre a calmaria e a fúria, parecem sempre próximos de serem ultrapassados aqui. A gente vai ficar intrigado até o final. Fascinado em alguma medida. E é isso que o cinema de Peele faz conosco. Vai pelos cantos, nos envolve e nos derruba. E, no fim, resta o sorriso (e até as lágrimas) no rosto. Leia a resenha completa.
27) Amor, Sublime Amor (West Side Story): Quem assistiu e gosta da versão clássica desse querido musical talvez considere meio desnecessária essa refilmagem produzida por Steven Spielberg. Mas, ao mesmo tempo em que a essência da história permanece a mesma, não deixa de ser curioso perceber como, neste caso, uma nova adaptação faz muito bem. Sim, eu tendo a ser meio ranzinza quando o assunto é a falta de originalidade de alguns roteiros, afinal, será que precisa? Mas aqui a desconfiança vai pro saco já na primeira e grandiosa tomada aérea do bairro de Upper West Side, em um plano sequência de uma Nova York meio em ruínas, que passa por um processo de gentrificação. É nesse local que duas gangues, os Jets, o grupo dos branquelos liderados por Riff, e os Sharks, os porto-riquenhos comandados por Bernardo, disputam o território, sendo incapazes de conviver de forma pacífica. E tudo piora quando, durante um baile, os dois grupos se encontram e organizam uma briga de rua que promete decidir o futuro de todos. Sim, Amor, Sublime Amor é a história shakespereana por excelência e o resultado aqui é experiência artística imersiva, vibrante, colorida e musical - mas sem deixar de lado os aspectos mais sombrios de sua história. Leia a resenha completa.
26) Elvis (Elvis): "Caímos em uma armadilha. Não posso escapar". Em uma das tantas grandes sequências dessa superprodução, o Rei do Rock está em uma espécie de recomeço musical no início dos anos 70, após a sua fracassada incursão por Hollywood. Na ocasião, todo um aparato foi montado para uma apresentação no International Hotel, em Las Vegas, com a presença de um público seleto e uma banda de apoio de altíssima qualidade. Enquanto o artista entoa os sinuosos versos de Suspicious Minds, o Coronel Tom Parker se ocupa de fechar um contrato de cinco anos para que o astro se apresente no local, com um salário milionário - e, muito provavelmente, um esgotamento físico e mental que decorreria dos mais de 500 shows no período. Encarnado de forma magnética por Austin Butler, Elvis Presley caía em (mais) uma armadilha. Da qual não podia escapar. E, sim, muito mais do que uma obra sobre a ascensão e a queda de um dos grandes artistas da nossa história, Elvis é uma obra sobre o controverso relacionamento de Parker com o cantor, com cada sequência da cronologia estabelecendo diálogo com eventos políticos, culturais e sociais históricos. É, ao cabo, uma experiência elétrica, cheia de entusiasmo e de licenças poéticas mais do que justas. Leia a resenha completa.
25) Clara Sola: Existe uma cena perturbadora desse filme costarriquenho que dá conta de como o fanatismo religioso se apropria do corpo alheio como forma de exercer opressão. Nela, Clara está em uma consulta médica acompanhada de sua mãe. A intenção é estabelecer o diagnóstico para a curvatura das costas de Clara, o que lhe confere uma espécie de corcunda. O médico explica que a solução está em uma cirurgia. A mãe recusa o apoio da ciência: "foi assim que Deus me deu ela", responde. Para a enferma não é dada a oportunidade de escolher. Aliás, no vilarejo distante em que a protagonista habita há quase 40 anos, ela é uma espécie de não mulher em corpo de adulta. Infantilizada, é tratada pela mãe com cuidado excessivo, o que lhe confere um ar ao mesmo tempo místico e ingênuo. Sim, estamos diante de uma casa em que prevalece o fanatismo religioso. Em que a culpa católica percorre as frestas, em meio a imagens de santas, de sacristias improvisadas, de velas e de terços. Clara habita esse local com uma resignação taciturna, encontrando refúgio na simbiose com a natureza - a mata, os riachos, as montanhas, os animais e os fenômenos da natureza estão no entorno. É onde ela encontrará forças para sobreviver. E para, aos poucos, despertar. Leia a resenha completa.
24) Spencer (Spencer): Existe uma sequência do recente filme de Pablo Larraín que é bastante didática na hora de mostrar o tipo de conflito vivido pela princesa Diana junto à Família Real britânica. É uma cena prosaica. Mas repleta de significados. Nela um grupo de empregados assiste a uma aparição pública de Diana às vésperas do Natal. Só que para surpresa de um dos encarregados, a princesa não está com o vestido que havia sido designado para aquele evento. Por conta própria, sua alteza opta pelo traje que deveria ser usado no dia 26 de dezembro. É o suficiente para que uma crise se estabeleça. Era mal o começo dos anos 90 e Diana já se sentia presa em um casamento de fachada em que, a despeito do luxo, da fartura, da pompa e da elegância, reinavam também rumores de traições, de conspirações e de mentiras, com Diana se sentindo a cada dia mais isolada. Filantropa e atenta a causas sociais, Lady Di se tornaria uma personalidade influente nos anos 90 - e seu comportamento levemente iconoclasta, provocativo, dá conta justamente de sua espontaneidade, de sua vontade de viver, de querer mais. E nesse jornada pessoal temos uma obra completa e cheia de nuances que ainda evidencia a hipocrisia reinante na aristocracia inglesa. Leia a resenha completa.
23) Top Gun: Maverick (Top Gun: Maverick): muito mais do que as imagens impressionantes e bem coreografadas dos caças em ação ou de todo o apelo militar que possa haver por trás, o que faz essa sequência do clássico kitsch de 1986 funcionar é a ótima história sobre relações humanas, família, memória, luto e ciclos que se iniciam ao passo que outros se encerram. Engraçada, sedutora, melancólica e nostálgica, a obra do diretor Joseph Kosinski ainda é um prato cheio para que Tom Cruise possa despejar todo o seu carisma, fazendo com que a gente torça o tempo para que as coisas saiam da melhor maneira possível. Veterano da Marinha, o capitão Pet Maverick Mitchell é chamado para ser instrutor de um grupo de jovens oficiais, que devem desmantelar um plano para instalação de uma usina ilegal de enriquecimento de urânio - aliás, uma missão quase impossível (com o perdão do trocadilho). Só que entre seus alunos estará justamente o jovem Rooster, filho de seu antigo parceiro Goose, que teve um destino trágico no primeiro filme, vindo a falecer nos braços de Maverick após uma ação frustrada. Não pensei que fosse possível ir as lágrimas tão facilmente em um filme de Ação. Chorei fácil. Mas também me diverti à beça. É, ao cabo, a experiência completa.
21) Pureza: Mais de 57 mil pessoas foram resgatadas de condições análogas às de escravo pelo Estado brasileiro desde maio de 1995. CINQUENTA E SETE MIL. Os números impressionam porque não estamos falando do Brasil Colônia ou do Ciclo do Café, em meados do Século 19. É a atualidade. É agora. Em algum canto bem escondido desse País continental que insiste, dia após a dia, em emular o passado. E que retira de milhares de pessoas o direito básico à dignidade. E não é preciso ser nenhum especialista para compreender que, em tempos de Bolsonaro - e de supressão permanente de direitos trabalhistas - o cenário não melhorou. E, nesse sentido, o timing de uma obra como esta do diretor Renato Barbieri, não poderia ser melhor. O filme, afinal, se inspira na história real de Pureza Lopes Leal que, no começo dos anos 90 empreendeu uma verdadeira via crúcis para tentar localizar o seu filho que, meses antes, partira do interior do Maranhão para tentar a sorte no garimpo. O resultado é uma obra comovente de caráter semidocumental, sobre uma personagem obstinada (encarnada com paixão por Dira Paes), que enche a tela com um senso único de humanidade e empatia. Sim, aqui e ali pode ser meio piegas. Mas é importantíssimo que um filme assim exista. Leia a resenha completa.
20) Great Freedom (Große Freiheit): Pode parecer meio estranho pensar que uma Lei tão hedionda como aquela que ficou conhecida como Parágrafo 175 tenha sido revogada somente em 1994 na Alemanha. Instituída em 1871 pelo Código Criminal Germânico, ela criminalizava os atos homossexuais entre homens. Ampliada na época do nazismo, a medida passaria por diversas emendas no transcorrer dos anos, condenando dezenas de milhares de homens, num tipo de perseguição que ainda parece bastante presente, especialmente nos meios mais reacionários. E é justamente essa abominação jurídica que serve como pano de fundo para o ótimo Great Freedom, filme enviado pela Áustria à última edição do Oscar. A trama revoltante nos apresenta a Hans, um sujeito que é preso diversas vezes após a Segunda Guerra Mundial por cometer o "crime" de ser homossexual. Pouco preocupado em mostrar os bastidores ou mesmo o lado burocrático desses encarceramentos, o diretor Sebastien Meise centra a narrativa no interior da prisão e na completa falta de sentido dessas detenções. O resultado é uma obra sutil sobre empatia, amor e respeito ao outro, que ainda denuncia o absurdo do preconceito. Leia a resenha completa.
19) A Filha Perdida (The Lost Daughter): Nos últimos anos não foram poucas as obras que ousaram discutir - ou até desconstruir - o ideal romântico da maternidade, como é o caso do ensaio literário como Contra os Filhos da chilena Lina Meruane. Sim, o tema é tabu, é complexo, e certamente vale ser debatido. Afinal de contas, como afirma Leda, a protagonista de A Filha Perdida, "as crianças são uma esmagadora responsabilidade". É uma resposta que ela dá a outra personagem que está achando meio inacreditável o fato de Leda estar em uma bela praia grega sozinha. Sem a família, no caso. Sem outras companhias físicas. Sem marido xarope, em criançada gritando, sem adolescente azucrinando. E por mais que a sociedade tenha evoluído, ver uma jovem senhora de quase cinquenta anos, acompanhada de seus livros, fazendo anotações, saboreando uma boa bebida, desejando usufruir de um pouco de silêncio, ainda gera estranheza. Em linhas gerais essa é uma obra incômoda, ruidosa, ainda que cheia de sutilezas, que discute de forma elegante e envolvente temas como solitude, memória, afeto, escolhas pessoais, machismo na sociedade e, claro, maternidade. E ainda tem Olivia Colman em uma soberba interpretação. Leia a resenha completa.
18) Memória (Memoria): Nunca é fácil interpretar com exatidão a semiologia por trás dos filmes do diretor Apichatpong Weerasethakul. Aqui, novamente, temos uma experiência sensorial, sinestésica, daquelas que parece deixar o espectador meio entorpecido enquanto tenta, aqui e ali, costurar os pedaços que formarão o todo. Do barulho que acorda Jessica no susto em meio ao silêncio de madrugada avançada para um outro plano em que carros parados em um estacionamento têm seus alarmes acionados inexplicavelmente, o que temos aqui é uma engenhosa narrativa sobre como somos assombrados por fenômenos aleatórios que podem (ou não) estar apenas nas nossas cabeças. A protagonista voltará a ouvir o barulho que a desperta em outras circunstâncias. Solitário ou soterrado em meio a outros ruídos. O que será? Ao cabo, o que vale aqui é a dança - no sentido metafórico - que envolve um aparato técnico impressionante, com destaque para a edição e a mixagem de som. Pode parecer difícil, hermético. Mas quem insistir certamente será enfeitiçado por um rico trabalho - complexo, cheio de simbolismos, sedutor em alguma medida e absolutamente hipnótico. Leia a resenha completa.
17) O Acontecimento (L’évènement): Se nos dias atuais, quando o assunto é a descriminalização do aborto, o pânico moral e o conservadorismo freestyle já costumam nivelar o debate por baixo, imagina há 60 anos. Ou mais. Na França, a legalização do aborto entraria em vigor em 1975. Antes disso, tal qual os países mais atrasados, cessar uma gestação de forma voluntária poderia ser considerado crime. Aliás, a proibição era tanta, que algumas mulheres foram condenadas à pena de morte por esse simples desejo de decidir sobre o próprio corpo. Nesse contexto, o impactante O Acontecimento nos apresenta à jovem Anne, uma estudante promissora que resolve esconder uma gravidez inesperada às vésperas do vestibular. Afinal, um filho, ainda no começo da vida adulta, poderia representar a interrupção do sonho de seguir uma carreira na área de Letras, de ter independência, liberdade e autonomia. Só que, em 1963, a visão da sociedade patriarcal é apenas uma: abortar é se tornar, automaticamente, uma criminosa. Para os familiares, para os médicos, para a Igreja, até para alguns amigos. O que tornará a jornada de Anne absolutamente solitária. Uma experiência dura, quase exasperante, mas que tem, entre tantos méritos, o de chamar a atenção para um assunto que segue atualíssimo. Leia a resenha completa.
16) Aftersun: Existe uma sequência do filme de estreia de Charlotte Wells que, assim como muitas, parece apenas prosaica. Mas que, ao cabo, é cheia de significados. Significados que estão por trás, fora do quadro, para além daquilo que a gente enxerga de forma mais palpável. Nela, a jovem Sophie convida seu pai Calum para uma sessão de karaokê - que ele recusa. Os dois estão em um hotel de baixo orçamento para curtir o feriado. Calum fará aniversário dali um ou dois dias - trinta e alguma coisa. O passeio talvez simbolize a busca por algum tipo de celebração - um fiapo de alegria para quem recém se separou. Alguém que tem claras limitações financeiras, mas que fará o possível para que a sua filha seja feliz naquele microcosmo. Ainda que, para isso, seja necessário deixar os demônios interiores bem guardados. E, ao cabo, a obra se consistirá em uma série de pequenos eventos como este do karaokê, sempre construídos de forma afetuosa e emocionalmente febril que, por mais sutiis que sejam, nos permitirão refletir sobre memória, perda, tensões emocionais, saudade, indo no limite entre o real e o onírico, o concreto e o abstrato. Aftersun foi eleito o melhor filme do ano no Metacritic, que condensa notas da crítica. Certamente não foi por acaso. Leia a resenha completa.
15) Marte Um: Não sei se fui eu que enxerguei significado demais no enviado do Brasil ao Oscar, mas a meu ver parece haver na narrativa um sentido que vai além da alegoria da habitação, da busca por um lugar pra chamar de seu. Uma casa, um apartamento, um País. Outro planeta, vá lá. E não deixa de ser interessante assistir ao filme justamente agora, quando Bolsonaro está saindo do poder. O sentimento geral da nação parece ser o de termos sido, nos últimos quatro anos, devassados. Subtraídos. Invadidos. De que tudo piorou e de que esse Brasil que tanto amamos se tornou outro: mais complicado, mais violento, mais individualista. O que talvez explique melhor a metáfora da busca por restabelecer esse espaço de segurança simbolizado pela moradia, como algo que está ao nosso alcance. Nos perdemos pelo caminho, mas desejamos o tempo todo nos reencontrar. O que certamente não será fácil. Na trama, acompanhamos a jornada do pequeno Deivinho, morador da periferia de Minas Gerais que sonha em ser astrofísico, para integrar uma expedição de colonização à Marte, em 2030. O País mergulharia no caos, sonhos seriam destroçados. Mas o brasileiro não desiste, como comprova essa experiência vigorosa, naturalista e pontuada por uma série de instantes comoventes. Leia a resenha completa.
14) Reze Pelas Mulheres Roubadas (Noche de Fuego): Há uma cena aparentemente prosaica no enviado do México ao Oscar do ano passado, em que mãe e filha fazem uma espécie de jogo em que devem adivinhar os sons que vêm da vizinhança da comunidade rural em que residem. Um cachorro que late, uma vaca que muge distante. Insetos ou sons do mato. Parece apenas um passatempo de final de noite, enfim. Só que não demora para que percebamos o significado maior daquilo. Em um pequeno povoado do interior serrano do México, ocupado por um cartel de tráfico de drogas, saber ouvir é muito importante. E essa é uma das formas que a pequena Ana aprende a identificar eventuais perigos. Protegida pela mãe, a jovem se torna invisível, com o corpo sempre coberto por vestes largas, de cabelo curto e sem qualquer tipo de maquiagem. É preciso esconder a sua existência, num processo de quebra de inocência doloroso e forçado. Tradicional no cinema latino, esse recorte mais árido vai ganhando sustentação aos poucos, sem pressa, em meio a instantes repletos de significados, de simbolismos que, algumas vezes, parecem saltar da tela. O desconforto é crescente e palpável. E a dor e o sofrimento surgem de forma discreta, sem apelação. É um filmaço. Leia a resenha completa.
13) Flee: Nenhum Lugar Para Chamar de Lar (Flee): Revoltante. Comovente. Perturbador. Sombrio. Definir com adjetivos uma obra completa e complexa como Flee não é tarefa fácil. Esse é um filme que me fez chorar em mais de um momento, por motivos variados. Ainda que nos deixe de estômago embrulhado é uma experiência necessária em tempos em que o tema "crise de refugiados" segue em alta - e não é demais lembrar que o País mais perigoso do mundo, o Afeganistão, é o que mais "produz" solicitantes de asilo no mundo. Na trama baseada em uma história real, um intelectual faz um relato comovente ao diretor Jonas Poher Rasmussen sobre como tenta recomeçar a sua vida na Europa após conseguir, a muito custo, fugir do País dominado pelo talibã. Para se tornar, inicialmente, uma "não pessoa" - sem família, sem passado, sem documentos. E, na realidade é meio inconcebível pensar que estamos em um mundo em que esse tipo de barbárie ocorra. Em que violência, sangue, tortura e morte seja resultado da necessidade de se aniquilar o diferente. Mesclando documentário com animação, essa obra que teve três indicações ao Oscar é uma experiência rara, complexa, atual. E que PRECISA chegar ao máximo possível de pessoas. Leia a resenha completa.
12) Mães Paralelas (Madres Paralelas): Vamos combinar que se tem um diretor que sabe olhar para o íntimo dos personagens mas sem ignorar o contexto - social, político, cultural - este é o Pedro Almodóvar. Sim, suas obras podem ser novelescas, anárquicas, ousadas, debochadas. Mas também sabem ser comoventes, sutis, humanas. Almodóvar é, ao cabo, o diretor completo que, assim como outros realizadores, possui uma assinatura própria, sendo praticamente impossível olhar para a paleta normalmente quente de cores, para os cenários cheios de elementos e para os figurinos vibrantes sem pensar "bom, está aí um Almodóvar raiz". E talvez seja a soma desses ingredientes - a história que emerge do microcosmo, a estética que vai no limite da ambiguidade, o olhar carinhoso para o passado - justamente aquilo que torna possível a existência de pequenas joias como esta. O "assunto" das mães costuma se repetir nos filmes do espanhol, como uma espécie de metáfora geradora do todo, da continuidade da vida e da superação em uma sociedade patriarcal. Aqui, esses elementos ganham força a partir da história que une duas mulheres de personalidade opostas que se aproximam na maternidade. Almodóvar está na sua melhor forma. E quem ganha é o espectador. Leia a resenha completa.
11) A Felicidade das Pequenas Coisas (Lunana: A Yak in the Classroom): Sinceramente eu terminei esse afetuoso projeto já achando uma pena o fato de que, muito provavelmente, poucas pessoas se interessarão pela obra - ainda que a indicação ao Oscar (foi o representante do Butão na categoria Filme em Língua Estrangeira) talvez possa ter dado um upgrade. Por que o caso é que esse é o tipo de experiência que ilumina, que aconchega, que olha para as coisas simples da vida com ternura, com reverência. Para a natureza. Para as artes. Para a cultura e para o ensino. Para o poder do aprendizado. Ou para a mera importância do professor. O que em um mundo tão impessoal, tão individualista, tão tecnológico, tão conectado mas tão distante, parece tornar tudo ainda mais paradoxal. Hoje em dia parece que o olho no olho perdeu espaço. Tudo é tecla, bit, aplicativo, rede social. Nesse sentido, essa pequena joia resgata essa leveza perdida, a partir da história de um professor do ensino público que é enviado para a aldeia mais remota do planeta para dar aula. Cativante, essa é daquelas obras que a gente nunca desejaria que terminassem. É como um afago daqueles generosos vindo de quem a gente ama. O que faz renovar as esperanças nesse mundo tão duro. Leia a resenha completa.
10) Blue Bayou: Ok, a gente até sabe que indicação ao Oscar não depende apenas da qualidade de um filme, já que é preciso uma ampla campanha de marketing por trás da produção. Mas ao final da projeção de Blue Bayou, considerei meio inacreditável essa obra ter passado completamente batida na principal premiação do cinema. O projeto, afinal, tem todos os elementos que costumam agradar a Academia - indo desde o drama dilacerante, passando pela temática relevante, até chegar às incríveis interpretações do elenco principal. A trama versa sobre o processo de deportação tardio que é vivido por milhares de estrangeiros adotados nos anos 80 e 90 por famílias americanas, que descobrem não possuir cidadania. Uma situação dramática, que deixa vulnerável uma boa parcela da população de outros países que cresceu nos Estados Unidos - aliás, uma matéria estima que até 2033 mais de 60 mil estrangeiros possam estar em risco de deportação, por conta de alguma irregularidade. E é essa a realidade de Antonio, coreano adotado por uma família americana aos três anos de idade e que, por conta de um episódio de abuso de autoridade envolvendo a polícia, passa a correr riscos de deportação. Preparem os lenços. Serão necessários. Leia a resenha completa.
9) A Pior Pessoa do Mundo (Verdens Verste Manneske): Acho que um dos aspectos mais interessantes do indicado da Noruega ao último Oscar é a forma como nos identificamos com a protagonista. Julie é, afinal, aquela pessoa caótica, imatura e cheia de incertezas a respeito do futuro - como costumam ser os jovens que ainda não chegaram aos trinta. Quem nunca, né? O filme do diretor Joachim Trier já inicia com a jovem divagando sobre qual profissão ela gostaria de seguir, saltando da medicina, passando pela psicologia, até chegar a fotografia. Nos relacionamentos, a desordem é semelhante, com saltos de um casinho a outro sem muito critério. Essa fragmentação, que o pensador Zygmunt Bauman chamaria de "modernidade líquida" - que nada mais é do que a "crescente convicção de que a mudança é a única coisa permanente, ao passo que a incerteza é a única certeza" -, parece ser o que rege parte da narrativa. Dividido em doze capítulos que contam com títulos meio autoexplicativos como "sexo oral na era #metoo", ou "o circulo narcisista de Julie", o filme nos conduz em uma espiral de incertezas em que, qualquer que seja a decisão, será inevitável o arrependimento. Julie é gente como a gente. E isso torna a experiência não menos do que adorável. Leia a resenha completa.
8) Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental (Babardeala cu Bucluc Sau Porno Balamuc): Talvez seja meio irônico pensar que esse filme só poderia ser feito em um contexto de pandemia. E isso porque não deixa de ser uma espécie de "rima" impressionante ver uma população inteira usando máscaras - no caso os habitantes de Bucareste, a capital da Romênia -, e perceber como, aos poucos, essas peças de pano vão começar a cair. Não literalmente, mas como uma metáfora mais do que perfeita para a hipocrisia da sociedade atual. Essa sociedade quadrada, machista, atrasada, apegada a valores e convenções que mais parecem saídas de algum ponto da Idade Média. Dirigida por Radu Jude a obra, originalíssima, foi a grande vencedora do Urso de Ouro no último Festival de Berlim. Na trama, uma professora de um educandário tipicamente tradicional, religioso, tem um vídeo íntimo vazado - o que deixará as "famílias de bem" em choque. Uma reunião é marcada para que a educadora seja demitida por ter cometido o crime de ter transado com o próprio marido. Bom, não é preciso dizer que, ao cabo, trata-se de uma experiência inventiva, que aponta o conservadorismo de fachada como uma espécie de bizarrice de nossos tempos. É divertido, corrosivo e imperdível! Leia a resenha completa.
7) Um Heroi (قهرمان): Quem acompanha a carreira do cineasta iraniano Asghar Farhadi sabe que a deterioração das relações humanas a partir de eventos cotidianos, quase prosaicos, costuma ser a matéria-prima para as suas obras que, ao mesmo tempo, também costumam traçar um panorama político, cultural, social e religioso de seu País de origem. Nesse sentido parte-se do microcosmo muitas vezes doméstico para uma análise do todo, de questões maiores - ainda que poucas vezes o espectro seja ampliado para além do dia a dia daqueles que acompanhamos. Foi assim nos ótimos e premiadíssimos A Separação (2011) e O Apartamento (2016). É assim também com o mais recente trabalho do realizador. Aqui temos a história de um sujeito desesperado que aposta em uma mentira para tentar se livrar da cadeia. Na trama um homem preso por não pagar as suas dívidas empreende uma verdadeira via crúcis pra tentar fazer com que seu credor retire a queixa, quando ele recebe um indulto. Cheio de idas e vindas, de tomadas de decisão moralmente duvidosas, de ações corretas e incorretas em cascata e de pessoas entrando no modo sobrevivência a qualquer custo, esse é daqueles filmes que faz com que a gente altere a nossa percepção a todo momento. Vale demais. Leia a resenha completa.
6) Argentina, 1985: "Senhores juízes: nunca mais." É marcante a frase dita pelo promotor Júlio César Strassera, em um dos instantes mais comoventes da obra que representará os nossos hermanos no próximo Oscar e que está disponível na plataforma da Amazon Prime. Encarregado do julgamento contra a junta militar que governou a Argentina entre 1976 e 1983, Strassera (vivido por Ricardo Darín com a habitual competência) concluía naquele instante a leitura do documento histórico que denunciava publicamente nove comandantes militares que governaram o País durante o chamado Processo de Reorganização Nacional (nome mais "pomposo" pra Ditadura). Cinco seriam condenados. Dois a prisão perpétua. Algo histórico, já que desde os Julgamentos em Nuremberg, que perpetraram assassinatos em massa de civis pelos nazistas, não acontecia algo parecido. Evidentemente que nada tirará a dor das famílias argentinas que tiveram parentes e amigos mortos e torturados durante o regime - estima-se que 30 mil pessoas possam ter desaparecido à época. Mas os nossos vizinhos civis tiveram a coragem de, de alguma forma, tentar amenizar essa dor. E esse esforço resulta em uma das mais impactantes experiências cinematográficas da temporada. Leia a resenha completa.
5) O Homem do Norte (The Northman): Existem filmes que, para além da história em si, são uma verdadeira experiência - sensorial, magnética, auditiva e visual. Daquelas capazes de ativar todos os nossos sentidos. Talvez até de alguma forma aguçá-los, ampliá-los. E esse é justamente o caso desse terceiro filme de Robert Eggers - de A Bruxa (2015) e O Farol (2019) - e que o consolida como um dos grandes realizadores da atualidade. A trama em si é a clássica história de vingança, de um jovem príncipe que presencia o assassinato do próprio pai pelas mãos do tio - que usurpa o trono. Cenários, objetos, símbolos, vestimentas, pinturas, cânticos, religiões, ritos, profecias, superstições, guerra, honra e destino. São muitas as palavras que se confundem, que se misturam, formando um todo coeso, enquanto nós espectadores acompanhamos o desenrolar de olhos meio arregalados, com o desejo de não perder um segundo sequer. Em resumo, é tudo muito perfeito aqui. É preciso, ao cabo, um esforço homérico para encontrar qualquer desvio, uma incerteza ou algum tipo de excesso. É um tipo de arte soberba, visceral, grandiosa. E que merece a nossa quinta colocação. Leia a resenha completa.
4) Nada de Novo no Front (Im Westen Nichts Neues): Quem der play no enviado da Alemanha ao Oscar esperando uma história de heroísmo e patriotismo em tempos de guerra, certamente vai se decepcionar. Aliás, talvez seja algo meio óbvio imaginar que não há nada de glorioso em batalhas do tipo. E muito menos na Primeira Guerra Mundial, talvez um dos mais inúteis conflitos bélicos da história (e o número de mortos dá conta da tragédia sem precedentes que foi a guerra, que durou de 1914 a 1918). Aqui não há mocinhos ou bandidos, não há bem contra o mal. Bom, talvez a exceção sejam os líderes de nações belicistas que, a distância, assistem seus soldados caminhando em direção a boca escancarada da morte enquanto, encastelados, postulam sobre possíveis cessar-fogo de mentirinha, ou armistícios de faz de conta. Vilões reais. Nesse sentido, Edward Berger atualiza o clássico de Lewis Milestone proporcionando ao espectador um mergulho no que de mais tenebroso pode haver em uma guerra, com suas trincheiras acinzentadas, repletas de ferro retorcido, de arame farpado, de madeira podre, de entulho, de água suja, de lama, de sangue e de morte. A sensação de caos e de desorientação é palpável e a experiência com a obra, inesquecível. Leia a resenha completa.
3) O Bom Patrão (El Buen Patrón):"Bom todos vocês sabem que minha mulher e eu não temos filhos, e nem precisamos deles, porque vocês são nossos filhos." A frase dita pelo senhor Blanco (Javier Barden) ainda no começo do enviado da Espanha ao Oscar desse ano já evidencia uma certa semiótica desse ideal supostamente paternalista que costuma reger algumas empresas. Do alto de uma estrutura elevada, o sujeito - o dono de uma bem conceituada fábrica de balanças - discursa à seus funcionários, que estão ao nível do solo (uma imagem de peso e contrapeso que serve de metáfora não apenas para o tipo de segmento daquela indústria, mas também para a hierarquia ali vista). Em meio a comentários sobre compromissos e estratégias, o senhor Blanco alerta a todos ali que, naquela semana, deverá visitá-los uma comissão que concede uma premiação de excelência entre empresas regionais e que eles estão entre os finalistas. E é claro que a coisa vai desandar e a tentativa de preservar a boa imagem será paulatinamente arruinada por empregados insatisfeitos, problemas familiares, assédios e outros problemas. O tema é sério, mas o resultado é absurdamente debochado! Leia a resenha completa.
2) Drive My Car (Doraibu Mai Ka): se o grande vencedor do Oscar de Filme em Língua Estrangeira desse ano fosse uma torta daquelas bem vistosas que vemos nos balcões de padarias, certamente poderíamos compara-la com aquele doce coberto de merengue. E por mais que a gente não saiba exatamente o quê vai encontrar no recheio, vai saboreando com gosto cada garfada. Com calma, sem pressa. Sentindo a textura, tentando desvendar os ingredientes ou quais os sabores que aquela mistura evoca. Nas aparências, a obra do diretor Ryusuke Hamaguchi - vencedora do Oscar na categoria Filme em Língua Estrangeira nesse ano e que está disponível na plataforma Mubi -, é "apenas" mais uma grande reflexão existencialista que é salpicada por temas que envolvem arrependimentos, memórias, luto, persistência, destino e envelhecimento. Já em seu cerne, em suas vísceras, trata-se de um amplo tratado sobre a complexidade humana, sobre dores, anseios, desejos e frustrações. É, ao cabo, uma experiência cheia de nuances, de detalhes e de encaixes que mal parecem caber nas suas elásticas três horas de duração. Mas que recompensarão o espectador que se dedicar a ela. Leia a resenha completa.
1) Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (Everything Everywhere All At Once): E se fôssemos mais gentis? Mais amáveis? E se fôssemos mais afetuosos? E se levássemos a vida com mais leveza, com mais graça? E se o mundo fosse um lugar melhor? São muitas as perguntas. E poucas as respostas oferecidas por essa joia que mistura comédia, ficção científica e fantasia em igual medida. O objetivo aqui não é necessariamente esclarecer. E sim oferecer uma experiência em que, sob a desculpa da existência de um multiverso em que cada decisão tomada forma uma nova ramificação em nossos destinos, possamos refletir sobre tudo isso. Sobre esse conjunto de aspectos filosóficos. Divertida, anárquica, existencialista, a narrativa acompanha uma mulher que é a "pior versão de si própria" e que deve utilizar as habilidades das outras milhares dela mesma para tentar restabelecer algum tipo de ordem em uma espécie de realidade alternativa. É um tipo de mistura tecnicamente impecável e de difícil definição, que discute escolhas, coisas que ficam pelo caminho e como as nossas decisões definem a pessoa que seremos mais adiante. Certamente uma obra que será lembrada e reverenciada pelos próximos anos. Com justiça. Leia a resenha completa.
E então, gostaram da lista? Sim, assim como ocorre com as demais relações publicadas aqui vale destacar que esses são Grandes Filmes entre os que conseguimos assistir. Tem muito filme entrando em cartaz - alguns cotados para o próximo Oscar, inclusive, que ainda não conseguimos conferir (casos de Ela Disse, A Mulher Rei ou Ruído Branco, por exemplo, e que devem figurar em outras listas - e que mais adiante certamente terão resenha por aqui). Ótimos projetos como A Mão de Deus, Roda do Destino, Pequena Mamãe, Azor, Lingui, Miss França, Fruto da Memória, Cha Cha: Real Smooth, A Garota e a Aranha, Red: Crescer É Uma Fera, Vortex e Concorrência Oficial poderiam muito bem estar na relação. Mas fazer esse tipo de seleção é assim mesmo. Sempre vai parecer que não contemplamos tudo a contento!
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