Resolvemos aproveitar ofato de que parte da crítica está descendo a LENHA no novo álbum da Madonna -
Madame X -, para fazer um pouco de justiça nesse mundo musical. Afinal de contas, não é porque os especialistas não referendaram, que necessariamente é ruim. Aqui para nós, importa menos a opinião do Pitchfork e muito mais o que a gente tá sentindo, ao escutar aquele disco que tá sendo esculachado em resenhas maldosas mundo afora. Eis a nossa listinha com os
7 Discos que a Crítica Odeia (Mas Que Nós Amamos).
#1 Keane (Hopes and Fears): acredite, o disco de estreia dos ingleses recebeu uma inacreditável nota 2,8 do
Pitchfork, que o chamou de "imitação pálida do Coldplay" ou da "banda que tocou naquele casamento do seu primo" (por conta da formação que conta apenas com vocal, teclado e bateria, como se isso por si só fosse um demérito). Nós, do lado de cá, não cansamos de ouvir nunca a banda capitaneada por Tom Chaplin. São desse disco
hits imperdíveis como
Somewhere Only We Know,
This Is The Last Time e
Everybody Is Changing, entre outros. Equilibrando a melancolia e as letras tristonhas, com um clima de festa febril repleta de sintetizadores, o álbum é uma rara proeza que faz os fãs cantarem desavergonhadamente todas as canções, berrando os refrões grandiosos, crescentes, retumbantes. Pode até soar kitsch, mas é um kitsch com estilo.
#2 Moby (18): eu sinceramente não entendo qual é o RANÇO que o
Pitchfork tem com o Moby. Absolutamente NENHUM disco do artista recebeu uma nota muito superior a cinco e este trabalho aqui, que orgulhosamente, já figurou no nosso
Lado B Classe A, recebeu um inacreditável 2,6 do crítico David Pecoraro. "
Há muito mais para não se gostar em 18, como as batidas monótonas de baterias eletrônicas já datadas, a natureza dolorosamente repetitiva de tantos desses sons, ou o teclado simplista no fundo de metade dessas músicas. Ou (ainda) as letras inconsequentes como aquelas na faixa de abertura", tascou o crítico, no texto publicado no site. Bom, nós discordamos com TODAS as forças, afinal de contas, como não gostar de um disco que possui verdadeiras gemas da música eletrônica/ambiental/etérea/futurosta, como,
In My Heart, In This World e
One Of These Mornings?
#3 The Gaslight Anthem (Get Hurt): mais um disco achincalhado pelo pessoal do Pìtchfork, que resolveu dar uma sonora nota 3,0 a Brian Fallon e companhia. Em seu texto, o crítico musical Ian Cohen faz duras críticas à mudança de rota da banda, algo que poderia até soar engraçado se a própria banda encarasse tudo como uma brincadeira. "
Com cada tentativa frustrada de pop, metal ou pop-metal, Get Hurt apenas reescreve seu próprio pior cenário", escreveu o crítico, que ainda pontuou o fato de o registro ser uma maçaroca que mistura Bruce Springsteen e Jon Bon Jovi, mas sem nenhuma autenticidade. É claro que aqui no Picanha a gente discorda frontalmente disso tudo, como atesta o apaixonado texto que figurou num longínquo 2016 no nosso
Lado B Classe A. Para nós esse é um trabalho tocado com paixão, com garra, nos moldes do rock americano de raiz, com guitarras no talo e que traz de volta uma nostalgia e uma vontade de percorrer novamente uma estrada em que não sabemos exatamente onde vamos parar.
#4 Muse (Black Holes and Revelations): em geral parece haver uma certa pré-disposição geral da crítica em falar mal da banda de Matt Bellamy e companhia - e, em muitos casos, nem o seu disco mais popular escapa. "
Soando como um tributo ao Radiohead", tascou a Spin. "
O que o Muse não tem de carisma, ele tenta compensar em volume", destacou o Pitchfork, que não teve nenhuma pena de dar uma nota 4,2 para o registro (e não vou deixar de admitir que o parágrafo em que o crítico Sam Ubi fala de Knights Of Cydonia é realmente engraçado). Mas a gente gosta do Muse. E gosta desse álbum, que tem algumas das melhores faixas formuladas pela banda, casos de
Starlight, Supermassive Black Hole e
Map Of The Problematique. Vem ni nóis excessos modernosos, crítica ao uso da tecnologia e vocal em falsete. Aqui
não recusamos banda, só porque ela soa exagerada.
#5 Of Monsters and Men (My Head Is An Animal): é inacreditável como alguns críticos conseguiram ser maldosos com esse trabalho absurdamente imperdível. "
Existe talento aqui. Só foi uma pena que ele não foi combinado com ideias originais", afirmou o crítico da Q. "
Esse álbum de estreia é vazio demais para excitar, com seus momentos mais estranhos e calmos sendo sufocados pela rocha ventosa", retrucou o Observer. "
Imitação emocional do Mumford & Sons", comparou a Uncut. É claro que nem tudo foi tragédia - e, curiosamente, a nota geral do registro no Metacritic é 66 (baixa, mas não tenebrosa). Só que como gostamos muito do som dos islandeses, achamos que eles mereciam mais. É um trabalho descaradamente pop, com refrões grudentos, palminhas, lalalás e toda a parafernália de arranjos naturalmente acessíveis e que nos acertam em cheio o coração.
Um disco irresistível, como comprovam hits do quilate de
King and Lionheart, From Finner e
Little Talks.
#6 Imagine Dragons (Evolve): o Imagine Dragons é uma das bandas mais legais do planeta - só tá faltando a crítica descobrir isso. No Metacritic, que condensa notas dadas pela crítica musical em uma única avaliação, nenhum dos discos do coletivo alcança aquilo que seria uma honrosa nota 6,0. E, pior, este terceiro trabalho, que possui grandes hits como
Believer, Whatever It Takes e
Thunder possui média geral de 4,7. QUATRO VÍRGULA SETE. Vocês sabem o que é todos os sites do mundo avaliando e a nota geral não passar disso? Em meio a comparações como a de um Michael Bolton dançando para o Justin Timberlake em um casamento de família (feito pela Classic Rock Magazine), a gente prefere lembrar daquilo que a banda sabe fazer de melhor: rocks de arena meio à moda antiga e com imperdíveis refrões ganchudos.
#7 The Killers (Hot Fuss): vamos combinar que a banda de Brandon Flowers e companhia nunca empolgou muito a crítica. Quando do lançamento do disco de estreia, o Pitchfork concedeu uma pálida nota 5,2 ao registro - até hoje lembrado pelos fãs por hits como
Mr. Brightside, Smile Like You Mean It, On Top e
Jenny Was A Friend Of Mine. "
Apenas a banda mais recente a nascer muito rápido dentro do vácuo da música popular, onde as expectativas de acessibilidade ampla matam o potencial dos garotos para uma criatividade mais profunda", descreveu, de forma assombrosamente ferina, o crítico Johnny Loftus. A despeito de ser um álbum tão querido pelo público, o registro foi totalmente ignorado em uma lista que compilou os 1001 discos para se ouvir antes de morrer - o que dá conta do desprezo generalizado dos especializados, por esse incrível trabalho.
E pra você, quais os discos mais injustiçados pela crítica?