Menções Honrosas
#40 Sing Street: Música e Sonho (Sing Street)
#39 Shaun: O Carneiro (Shaun The Sheep Movie)
#38 As Memórias de Marnie (Omoide No Marine)
#37 A Garota do Trem (The Girl On The Train)
#36 Rua Cloverfield 10 (10 Cloverfield Lane)
#35 Ave, César! (Hail, Caesar!)
#34 Prova de Coragem
#33 A Bruxa (The Witch)
#32 Ponte dos Espiões (Bridge Of Spies)
#31 Anomalisa
#30 A Passageira (Magallanes)
#29 Big Jato
#28 Brooklyn (Brooklyn)
#27 Deadpool
#26 Agnus Dei (Les Innocentes)
#25 Desajustados (Fúsi): existem filmes que nos fazem ter vontade de entrar na tela para começar a distribuir abraços nos personagens, um a um. E é exatamente isso que ocorre com esse filme islandês que fez sucesso na temporada, entre os alternativos. Na trama somos apresentados a Fúsi (Gunnar Jónsson), um homem que já ultrapassa os 40 anos de idade e ainda mora com a mãe. Por ser gordo e não ser adequado aos padrões de beleza da sociedade, Fúsi tem total insegurança e muita dificuldade de se relacionar com as mulheres - ainda que quase nunca demonstre preocupações quanto a isso. Entre um episódio de bullying e outro conhecerá duas "moças" que modificarão a sua vida. Uma, a filha de um vizinho de apenas oito anos. A outra, uma colega do curso de danças. O que ocorre DURANTE o filme - que lembra muito as obras de Todd Solondz - é que nos comoverá.
#24 Destino Especial (Midnight Special): existem obras que, mais do que filmes com começo, meio e fim bem delineados, se constituem em verdadeiras experiências cinematográficas. São filmes nem sempre fáceis, eventualmente complexos e que, inclusive, muitas vezes desafiam as convicções ou mesmo os códigos morais dos espectadores. Em partes, pode-se dizer que é o que ocorre com esse filme etéreo, denso e incomum, a mais recente empreitada do diretor Jeff Nichols (do igualmente belo O Abrigo). São filmes que, muito provavelmente provocarão muito mais perguntas do que respostas e que, nesse caso, nos farão refletir sobre perda, relacionamento entre pais e filhos e temor a Deus ou a qualquer tipo de energia "superior". Leia a resenha completa.
#23 Nise: O Coração da Loucura: ao voltar a trabalhar em um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro, após sair da prisão, a doutora Nise da Silveira (Gloria Pires) propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem da esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e lobotomia. Seus colegas de trabalho discordam do seu meio de tratamento - aliás, não demora muito para que ela seja considerada, vejam só, comunista - e a isolam, restando a ela assumir o abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde dá início a uma nova forma de lidar com os pacientes, através do amor e do estímulo para as artes. Não será um embate fácil, evidentemente. Glória Pires tem uma interpretação segura dessa personalidade forte e que transformou os estudos psiquiátricos nos anos em que viveu.
#22 Julieta (Julieta): Existe um lugar-comum que diz que "família não se escolhe, simplesmente acontece", e, num sentido mais amplo, pode-se dizer que a frase combina bem com o que se vê no filme. No começo da película, somos apresentadas a uma Julieta (Emma Suárez) já na meia-idade, disposta a abandonar Madri para morar em Portugal ao lado do namorado Lorenzo (Dario Grandinetti). Em sua expressão ao mesmo tempo doce e melancólica parece haver também um tanto de amargura, que aflorará ainda mais após um encontro fortuito com a jovem Bea (Michelle Jenner), uma antiga amiga de sua filha. Pois esse encontro de poucos segundos e de, aparentemente, inexpressivas trocas de palavras, será o suficiente para que Julieta mude de ideia, não apenas permanecendo na capital espanhola, como se mudando para o antigo apartamento em que morava. Leia a resenha completa.
#21 Truman (Truman): esse é daqueles filmes em que, recomenda-se, seja assistido com a caixinha de lenços de papel a tiracolo - especialmente se você for aquele tipo de sujeito que vai as lágrimas até mesmo com o episódio da venda do churros, no seriado Chaves. É uma obra que, entre outros temas, aborda o poder da amizade, a capacidade de exercer a empatia e a importância das sábias decisões, ainda que em momentos difíceis. Parece coisa de autoajuda e, em partes, talvez até seja. Mas é um drama ao mesmo tempo simpático e comovente, singelo e elegante. E ainda tem Ricardo Darín e Javier Cámara como protagonistas, interpretando sujeitos que são melhores amigos. Cámara é Tomás, que vive no Canadá e resolve viajar até Madri para encontrar Julián (Darín), ator argentino radicado na Espanha que foi diagnosticado com um câncer terminal. Leia a resenha completa.
#20 O Novíssimo Testamento (Le Tout Nouveau Testament): Deus existe, está muito "vivo" e é um velho entediado, rabugento, beberrão e malvado que vive com a esposa e a filha de 10 anos de idade nos arredores de Bruxelas, na Bélgica. A menina, de nome Ea (Pili Groyne), cansada do comportamento abusivo e violento do pai, aproveita um momento de distração do todo poderoso para invadir o seu computador, que contém os dados de todos os habitantes da terra, para mandar uma mensagem que revelará a data de suas respectivas mortes. É tomando por base essa premissa que subverte a lógica deste e de outros dogmas da Igreja Católica, que o diretor Benoit Poelvoorde constrói uma deliciosa fábula moderna que, ainda que resulte em um filme leve, colorido e divertido, não ignora o debate existencialista, passando ainda de raspão por temas relacionados ao destino, ao senso de liberdade e até mesmo ao amor nos tempos modernos. Leia a resenha completa.
#19 Cinco Graças (Mustang): esse é um filme que mostra que, mesmo em sociedades um pouco mais ocidentalizadas (ou abertas), o papel da mulher, especialmente nas pequenas comunidades rurais e patriarcais, segue sendo o de submissão ao marido, com casamentos arranjados e com elas tendo seu papel relegado ao de donas de casa, cozinhando, lavando, passando roupa, costurando. Estudar? Nem pensar. Trabalhar? Nada. A trama nos desloca para um vilarejo turco no início do verão. No local, Lale e suas quatro irmãs brincam de forma debochada com os meninos, o que acarreta em um escândalo de consequências muito fortes: a casa delas se torna praticamente uma prisão. As cinco não deixam de desejar a liberdade, e tentam resistir aos limites que lhes são impostos, em um filme comovente e com elenco encantador, que foi indicado ao Oscar na categoria Filme Estrangeiro. Leia a resenha completa.
#18 As Sufragistas (Sufragette): cansadas de mais de 50 anos de manifestações pacíficas, as mulheres do início do século passado, impossibilitadas de votar, resolvem ir literalmente a luta. Por meio da coordenação de um grupo militante - comandado pela líder Emmeline Pankhurst (Meryl Streep) -, que tem o objetivo de se fazer ouvir, a ordem do dia passam a ser os atos de insubordinação e desobediência, com direito a vidraças quebradas e caixas de correio queimadas. "Você quer que eu respeite a lei? Então torne a lei respeitável", afirma uma das protagonistas. Tudo para tentar chamar a atenção de políticos que possam aderir a causa e contribuir para a promulgação de uma emenda ou mesmo um projeto de Lei que possa garantir o exercício da cidadania a elas. Um filme histórico, já que baseado em fatos reais. E atualíssimo. Leia a resenha completa.
#17 Elle (Elle): indigesta e controversa, certamente a nova obra do diretor Paul Verhoeven é daquelas que possibilita um debate acalorado após a sessão. A trama conta a história de Michèle (Isabelle Hupert, sempre perfeita), empresária do ramo dos videogames, que, aos 50 anos, mantém o seu negócio com mão de ferro. Aliás, é assim também com a sua vida pessoal e não é por acaso que a sua relação com os os personagens homens é sempre as turras, sejam eles os empregados, o ex-marido, o amante, o filho. Quando ela é estuprada em sua casa por um desconhecido, resolve guardar para si o evento traumático. Para o espectador, após o estranhamento inicial, tudo pode se esclarecer: os traumas de Michèle, acredite, são ainda maiores e a trama, repleta de nuances vai no limite de temas como fetichismo, sexualidade na meia idade, empoderamento feminino e misoginia. Um filme diferente. E instigante.
#16 Sully: O Heroi do Rio Hudson (Sully): ainda falta cerca de um mês para que os indicados ao Oscar de 2017 sejam anunciados, mas alguns filmes já começam a aparecer com força na bolsa de apostas. E este tem todos os elementos que agradam a Academia. Primeiro, é dirigido por Clint Eastwood. Depois tem Tom Hanks, como o protagonista. Ou seja, meio caminho andado. A trama narra a história do conhecido episódio ocorrido em janeiro de 2009 quando, logo após decolar do aeroporto de La Guardia, em Nova York, um avião faz um pouso forçado em pleno rio Hudson, após um problema nas turbinas. A iniciativa é bem sucedida, com todos os 150 passageiros a bordo sendo salvos. Mas era necessário tudo isso? Sully é um herói? Ou arriscou a vida de todos de maneira arrogante ou prepotente? O filme, uma delícia de se ver, passa voando - com o perdão do trocadilho.
#15 O Valor de Um Homem (La Loi du Marché): a França que o diretor Stéphane Brizé costuma mostrar em seus filmes em nada lembra o glamour romanceado de sua capital, bem como o de pontos turísticos. Não, a "cidade luz" de Brizé é a do trabalhador que paga impostos, que luta para se manter, que enfrenta um sistema em que os ricos e pobres permanecem a algumas léguas de distância uns dos outros. E que em 2015 alcançou um índice de desemprego próximo dos 11% da população trabalhadora ativa. É nesse contexto que está estabelecida a trama do filme. Homem de cinquenta e poucos anos, Thierry (o sempre competente Vincent Lindon) está desempregado. Mas isso não significa leniência, já que ele luta de todas as formas para retornar ao mercado de trabalho nessa obra silenciosa, reflexiva, sutil e naturalista. Leia a resenha completa.
#14 Marguerite (Marguerite): existe uma frase atribuída ao escritor George Bernard Shaw que bem poderia definir aquilo que assistimos nesse verdadeiro achado do cinema francês: "os espelhos são usados para ver o rosto, a arte para ver a alma". Baseado em fatos reais, o filme do diretor Xavier Giannoli conta a história da baronesa Marguerite Dumont (Catherine Frot), ricaça que costumava organizar saraus e outros eventos artísticos privados, em sua mansão, com objetivo de levantar fundos para crianças órfãs ou outras entidades em vulnerabilidade social. Por acreditar ter uma boa voz, a mulher eventualmente "presenteava" o público com exibições de música clássica. O problema é que ela cantava mal. Aliás, mal não. MUITO MAL. Despretensioso e recheado de personagens complexos e ambíguos, o filme questiona os limites da arte, sem ignorar o pano de fundo político. Leia a resenha completa.
#13 Filho de Saul (Saul Fia): absolutamente agonizante, a obra vencedora na categoria Melhor Filme em Língua Estrangeira, na última edição do Oscar, não é apenas um filme sobre um judeu que trabalha carregando corpos e cremando mortos em um campo de concentração nazista. É também a história de um pai desesperado e que busca, a todo o custo, possibilitar um enterro digno a seu filho - enviado para a autópsia. Poucas vezes os horrores da guerra foram apresentados de forma tão realista e perturbadora, como nessa pequena obra-prima húngara. A câmera subjetiva - e nervosa -, não desgruda um instante sequer do rosto de Saul, formando uma opressiva proposta estética que fortalece em todos os sentidos a tensão sobre aquilo que se vê. Uma película em que é praticamente impossível ignorar o gosto amargo ao final da projeção.
#12 Para Minha Amada Morta: Fernando (Fernando Alves Pinto) perdeu a esposa não faz muito e, como forma de aplacar a dor, passa os dias observando fotografias da amada, organizando suas roupas e assistindo fitas VHS com gravações de sua juventude. Em um dos vídeos, descobre que a falecida - que era advogada - lhe traía com um homem que foi seu cliente. É o estopim para que o protagonista passe a investigar o que está por trás da fita e perpetre a sua vingança nesse saboroso suspense nacional. A aproximação entre ambos os homens é lenta, mas sempre fluída. O ambiente é ao mesmo tempo soturno e claustrofóbico em meio a máquinas e outros equipamentos relacionados a profissão do amante. Absolutamente sombria, densa, psicológica, a obra bebe de fontes clássicas como o suspense Cabo do Medo. E surpreende!
#11 Capitão Fantástico (Captain Fantastic): Ben é o pai de seis crianças, que decide fugir da civilização e criar os filhos nas florestas selvagens do Pacífico Norte. Ele passa os seus dias dando lições às crianças, ensinando-os a praticar esportes e a combater inimigos. Um dia, no entanto, quando sua esposa doente morre, Ben é forçado a deixar o local e retornar à vida na cidade. O resumo dessa verdadeira pérola do cinema alternativo nunca será suficiente para a compreensão dessa obra tocante, que faz uma análise sobre o conhecimento para além da intelectualidade vazia, com questionamentos de padrões e de normas pré-estabelecidas. Especialmente em um mundo em que o saber empírico é pouquíssimo valorizado. Viggo Mortensen dá um verdadeiro show de interpretação como o pai, nessa película que emociona do início ao fim.
#10 O Regresso (The Revenant): O filme conta a história (inspirada em fatos reais) de Hugh Glass que, em 1823, serviu de guia em uma expedição de caçadores de peles em terras indígenas americanas e que, após ser atacado por um urso, foi deixado à mercê da própria sorte pelo integrante John Fitzgerald, que nutria certa antipatia por Glass. Decidido a não esperar pela morte de seu compatriota, deixa-o sozinho agonizando em uma cova coberta com terra - além de ser responsável por uma tragédia envolvendo o filho de Glass (fruto de seu relacionamento com uma indígena, cuja aldeia foi dizimada por caçadores brancos). Movido pelo instinto de sobrevivência, o personagem - que FINALMENTE possibilitou um Oscar a Leonardo Di Caprio - consegue resistir às adversidades, partindo em uma jornada épica em busca de vingança. Leia a resenha completa.
#09 O Menino e O Mundo: com sua história ao mesmo tempo singela e realista - e que mostra um jovem garoto do interior que vê seu pai migrar para a cidade grande atrás de melhores oportunidades, perseguindo-o incansavelmente, logo após, movido pelo sentimento demasiado humano da saudade - essa obra-prima deve ser vista por todos. É um filme tocante, doce, que mostra a transição forçada de um jovem para a fase adulta, ocasião em que irá descobrir da maneira mais melancólica possível como sobrevive uma sociedade (doente) em que a ordem do dia é consumir. É ter, ter e ter. É viver pensando em si e no seu umbigo. E mostrar para os outros que tem, num ciclo de espetacularização da vida em que pouco importa se, logo ao lado, outros passarão fome. Ou não terão emprego. O que importa é o número. E a geração de divisas. Leia a resenha completa.
#08 A Grande Aposta (The Big Short): Em setembro de 2008 o mercado imobiliário norte-americano entrou em colapso, resultando em uma crise econômica talvez só vista, anteriormente, na época da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, que veio a acarretar a Grande Depressão nos Estados Unidos. O filme de Adam Mckay se propõe a contar essa história, mas de uma maneira diferente: partindo justamente do ponto de vista daqueles que apostaram todas as suas fichas CONTRA o "infalível" sistema financeiro americano, a fim de lucrar milhões (e até bilhões) de dólares, as custas do sofrimento de centenas de milhares de pessoas que depositaram tudo no sonho da casa própria. Parece um filme pesado, dramático e cheio de termos do economês. E até é. Mas ele também tem um lado leve, bem humorado e charmoso - sem falar nas interpretações - que torna a sessão irresistível. Leia a resenha completa.
#07 Spotlight: Segredos Revelados (Spotlight): baseada em fatos reais, a trama do filme dirigido por Tom McCarthy - e vencedor do Oscar na última edição - segue os passos de um grupo de jornalistas do diário Boston Globe, que, em 2001, teve acesso a uma série de documentos capazes de provar diversos casos de pedofilia causados por padres católicos. Com um agravante: os eventos teriam sido acobertados pela própria igreja, com transferências de religiosos para outras localidades e chantagens diversas - com direito a participação de advogados e da própria imprensa - ao menor sinal de que os casos pudessem vir à tona. É mais ou menos como um Todos os Homens do Presidente. Mas sai o escândalo de Watergate, entra um movimento escabroso de violência, capaz de traumatizar centenas de famílias. E que foi acobertado justamente por aqueles que deveriam apoiar os sobreviventes. Leia a resenha completa.
#06 A Juventude (Youth): Pra quem gosta de cinema enquanto manifestação artística para além do simples entretenimento, o mais recente filme do diretor Paolo Sorrentino é um prato cheio. Aqui, ainda que o tema central seja a velhice, não se tem uma história no formato a que estamos acostumados, com começo, meio e fim bem definidos, um arco dramático suficientemente claro ou uma gramática fílmica aos moldes daquilo que se faz em Hollywood. Para Sorrentino, a construção de uma obra escapa um tanto desse caráter mais convencional, para que possamos aproveitar o cinema para além do mosaico essencialmente visual (e simples) apresentado, não surpreendendo, portanto, o caráter por vezes atmosférico, climático ou catártico daquilo que presenciamos em cada um de seus filmes. Em suma, é um daqueles prazeres que talvez experimentemos ao assistir a algum clássico do cinema. Leia a resenha completa.
#05 Os Oito Odiados (The Hateful Eight): o cinema é a maior de todas as Artes. Ou a junção de praticamente todas elas. Roteiro (a escrita), atuações (artes cênicas), fotografia, trilha sonora (a música), cenários (direção de arte) e outras tantas unidas para criar uma obra pronta a ser apreciada pelos espectadores em comunhão em uma sala escura. A catarse em forma de riso, choro, reações frente ao que se vê na tela e se ouve saindo das caixas de som. Uma orquestração milimetricamente desenvolvida para proporcionar emoções na plateia. O absurdo da vida amplificado em forma de imagens e som. E quando tudo isso vem no pacote genial do diretor americano Quentin Tarantino, temos algo especial. E é esse o caso de Os Oito Odiados. Não viu? Apenas pare. Leia a resenha completa.
#04 O Quarto de Jack (Room): com interpretações arrebatadoras da dupla de protagonistas Brie Larson e Jacob Tremblay, o filme conta a história de uma mulher que, sequestrada e há sete anos vivendo trancada em um quarto minúsculo (o Room, do título em inglês), possui um filho de cinco anos de idade, fruto dos constantes abusos perpetrados pelo sequestrador de nome "Old" Nick. Assim olhando parece um suspense simples que tratará a respeito das tentativas de fuga de mãe e filho desse ambiente inóspito e desolador em que ambos vivem. Mas a obra é dividida em duas partes. E a segunda, da qual não vale a pena comentar para evitar qualquer spoiler, é tão sufocante e angustiante quanto a primeira. Talvez O Quarto de Jack seja o melhor filme entre os indicados ao Oscar na última temporada. Talvez. Vejam e nos digam. Leia a resenha completa.
#03 A Chegada (Arrival): disse certa vez o escritor Charles Baudelaire: "manejar sabiamente uma língua é praticar uma espécie de feitiçaria evocatória". Pois, em uma análise da obra mais recente de Denis Villeneuve, é praticamente impossível permanecer alheio ao aforismo do autor de As Flores do Mal. Discutir a linguagem e os seus significados em um filme de ficção científica - em que, imagina-se, as pessoas esperem invariavelmente o maniqueísmo das guerras sem fim entre humanos e alienígenas - certamente não é tarefa fácil. Mas Villeneuve o faz não apenas com sensibilidade e profundidade, mas imprimindo ainda um caráter existencialista às noções de tempo e de espaço ou mesmo de presente, passado e futuro, confundindo cronologias e lógicas pré-estabelecidas. Sem ignorar a (importante) porção cinematográfica, evidentemente. Leia a resenha completa.
#02 Boi Neon: em linhas gerais e de forma muito resumida, o espetacular filme de Gabriel Mascaro, fala de escolhas profissionais. E de como elas podem ser muito mais difíceis para as camadas menos abastadas que, na maioria das vezes, entram para o mercado de trabalho levando em conta muito mais as circunstâncias do meio em que estão inseridas, do que a paixão por aquilo que se faz. No filme, Juliano Cazarré vive Iremar, curraleiro que vive em meio a vaquejadas realizadas em feiras populares. Iremar na verdade gostaria de ser estilista. E é tomando por base esse surpreendente contraponto, que Mascaro constrói um filme livre de preconceitos, nunca estereotipado, levemente iconoclasta e que olha com carinho para os seus personagens. Uma obra naturalista, que mostra a força do cinema nacional. Leia a resenha completa.
#01 Aquarius: a gente percebe que o cinema nacional vive uma grande fase quando, pelo segundo ano consecutivo, o primeiro colocado de nossa lista é brasileiro. Aliás, com toda a justiça, vamos combinar! Aquarius, obra-prima de Kleber Mendonça Filho, é muito mais do que o filme que gerou um comovente protesto contra o golpe no Festival de Cannes. É uma obra sutil, de grandes interpretações e que não está interessada em denunciar injustiças sociais. Ao menos não de maneira evidente ou escancarada. É uma obra nostálgica sobre memórias, reminiscências, sensações. E que tem Sônia Braga em seu momento máximo, como uma mulher bem sucedida que resiste às pressões de uma construtora para vender o seu antigo apartamento. Que dará lugar a um luxuoso e asséptico condomínio. Sem vida. Sem história. Insípido. Inodoro. Leia a resenha completa.
E então, pessoal, gostaram? Não esqueçam de dar as vossas opiniões! =D