terça-feira, 21 de junho de 2022

Pitaquinho Musical - Tim Bernardes (Mil Coisas Invisíveis)

Vamos combinar que, se depender da reação dos fãs do trabalho do Tim Bernardes, é possível afirmar que o compositor talvez tenha inaugurado algum tipo de subvertente musical, talvez uma espécie de "indie filosófico", que mescla sofrimento, afeto e otimismo em iguais medidas. Mas esse combo de sensações é muito menos turbulento e muito mais resignado - onde se reconhecem as dores, os lutos e as aflições da alma, mas também se reaprende a amadurecer, a prosseguir, a encontrar motivo para algum tipo de contemplação diante do mundo. Nem que seja uma reação a algo mais prosaico. Nesse sentido, a mescla de melodias homogêneas, econômicas e pontualmente ensolaradas não gerariam nenhum tipo de estranhamento se este segundo trabalho solo do vocalista d'O Terno se chamasse Recomeçar 2 - e não Mil Coisas Invisíveis

Em entrevista ao site Papel Pop, o artista afirmou que desde <atrás/além> - último projeto com O Terno - se permitiu "fazer algumas canções com letras mais longas, em que eu ia desabafando e discorrendo sobre coisas de maneira meio ensaística, meio poética, meio objetiva, meio abstrata". Assim, Mil Coisas Invisíveis se apresenta como mais um daqueles trabalhos que requerem uma apreciação mais calma, onde se possa assimilar detalhes, encaixes, referências e orquestrações que se desdobram entre a economia e a expansão, a verborragia e a sutileza. Um bom exemplo desse expediente pode ser observado na graciosa e primaveril A Balada de Tim Bernardes, que alterna versos sofisticados (Quanto mais o tempo passa / Mais eu acho graça nessa enganação / Chamada virar adulto / O tempo é todo junto, sem separação), com um refrão amplamente pegajoso. Mas há mais, muito mais. Basta explorar.


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