De: Cooper Raiff. Com Cooper Raiff, Dakota Johnson, Vanessa Burghardt e Leslie Mann. Comédia / Drama, EUA, 2022, 107 minutos.
O que não significa que as lágrimas não sejam, com justiça, derramadas. Andrew é, afinal, um menino doce que, ainda no começo da história, sofre o seu primeiro revés amoroso: apaixonado por uma mulher muito mais velha (ele é apenas um garoto de cerca de 12 anos) recebe, naturalmente, uma negativa. Um salto no tempo faz com que sejamos apresentados ao Andrew agora adulto - esse mesmo cara que assiste sem ter muito o que fazer a namorada ir para Barcelona, ao passo que tenta tocar a vida em um subemprego em uma lanchonete, estilo McDonalds, após formado. A sorte muda um pouquinho para ele quando, de forma meio inesperada, ele se torna uma espécie de animador motivacional de festas de Bar Mitzvah na região. O que ocorre após ele tratar muito bem Lola (Vanessa Burghardt), filha autista de Domino (Dakota Johnson), uma das convidadas do evento. Aliás, dali, brota uma bela amizade entre Andrew, Lola e Domino. E que funcionará como uma espécie de fio condutor da trama.
Em linhas gerais a obra faz com que acompanhemos, nos olhares afetuosos de Andrew e em seus sorrisos tímidos de canto de boca, aquela etapa de nossas vidas que a gente não sabe muito bem o que vai ser do futuro. Somos adultos? Ou ainda adolescentes? O emprego modesto pouco ajuda. Há um excesso de inexperiência no todo. Que é compensando com muita vontade. Evidentemente não demorará para que Andrew sinta algo a mais por Domino - a sua relação com Lola se desenrola com naturalidade. Mas a mulher não apenas possui namorado, como está noiva - o casamento será em breve, com o advogado bem sucedido Joseph (Raúl Castillo), um hispano-americano que passa mais tempo em Chicago do que em casa. Isso poderia representar uma oportunidade? Poderia. Mas a equação que forma os relacionamentos - ou os possíveis relacionamentos - é complexa. São muitas as variáveis. E nem sempre seremos a pessoa certa naquele momento, que pode sr apenas o errado.
Com uma verdadeira coleção de grandes diálogos - há um sobre depressão e outro sobre almas gêmeas que são verdadeiras joias -, a obra é de uma honestidade comovente. Sim, porque a despeito do que ocorre muitas vezes em filmes "românticos", ou mesmo em comédias bobinhas, é que no final tudo parece dar certo, da forma mais plastificada possível. Só que aqui, as coisas não dão tão certo. Mas isso não significa que há algo errado. Talvez não fosse o momento, a hora, o instante. Mesmo a aparentemente conturbada (e complexa) relação com Lisa e seu padrasto Greg (Brad Garrett) é cheia de possibilidades, de idas e vindas, de trocas, de brigas, de afetos. Família, né, todos têm a sua. Ao cabo, trata-se de uma experiência que faz com que um rito de passagem juvenil que poderia ser apenas banal, ganhe outras camadas. Até surpreenda em alguns instantes, ao subverter expectativas e estereótipos. O prêmio da audiência no Festival de Sundance pode ser um indicativo do quanto a obra caiu nas graças do público. Vale aguardar pra ver se há potencial pra mais.
Nota: 8,5
Nenhum comentário:
Postar um comentário