Um disco de inéditas que mais parece uma coletânea que condensa tudo aquilo que a Lady Gaga entregou para os fãs ao longo de sua carreira: assim pode ser resumida a experiência com MAYHEM, o sétimo registro da estrela pop - e um dos melhores. Sim, a gente sabe que na era do "sou fã quero service" é meio chato o público ficar meio que ditando aquilo que o artista deve ou não fazer, mas o caso é que basta chegar na metade do hipnótico single Abracadadra para nos sentirmos diante da Lady Gaga raiz (especialmente depois dos experimentos country do igualmente bom Joanne, de 2016, e do aceno ao jazz na parceria com Tony Bennett). Ainda assim, talvez o crítico musical mais ávido por novidades possa afirmar que aqui temos o mais do mesmo - e, vamos lá, muitas vezes vai ver a gente só quer aquilo que já estejamos acostumados. Que nos seja familiar. Que nos abrace. Gaga, que se apresenta no Brasil em maio, sabe fazer música pop dançante como ninguém. E se havia alguma dúvida depois do desastroso Harlequin, feito para o constrangedor Coringa: Delírio A Dois (2024), ela está sanada.
Só que, diante disso tudo, é importante dizer: esse aceno ao passado, especialmente à fase The Fame Monster (2009), jamais significa obviedade. Gaga nos convida pra dança, mas mostra a personalidade de sempre em faixas que flertam como outros estilos e subgêneros como o grunge eletrônico (Perfect Celebrity), o rock das rrriot girls (Garden of Eden), o funk de levada noventista (Killah), a inspiração na Taylor (How Bad do U Want Me, a minha preferida), o gótico (The Beast), a baladona romântica (Blade of Grass). Tudo com aquelas letras simples e reflexivas que amamos, em que temas como romances tortos, fama, cobranças e frustrações, manutenção da sanidade mental, desafios da carreira (e do mundo como um todo), empoderamento feminino e LGBTQIA+, perdas e luto, se mesclam em uma experiência sempre celebratória, que só parece crescer a cada audição. Eu sei que é cedo e que muita coisa ainda vai acontecer em termos de música nesse 2025. Mas até aqui, não há nada que supere isso.
Nota: 9,5
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