quarta-feira, 2 de abril de 2025

Novidades em Streaming - Saturday Night: A Noite que Mudou a Comédia (Saturday Night)

De: Jason Reitman. Com Gabriel LaBelle, Cory Michael Smith, Ella Hunt, Dylan O'Brien e Rachel Sennott. Comédia, EUA, 2024, 109 minutos.

Um filme de comédia sobre um dos maiores programas de humor da história: e que consegue a proeza de não ter nenhuma graça. Aliás, que mais do que isso, chega até a gerar algum tipo de vergonha alheia em certo ponto. Muita gente - inclusive parte da crítica - afirmou que Saturday Night: A Noite que Mudou a Comédia (Saturday Night) só funcionaria para aqueles que estivessem bastante familiarizados com os bastidores e com as figuras emblemáticas que originariam o clássico programa da NBC. Sinceramente, eu não preciso estar por dentro da cultura japonesa pra apreciar uma obra de lá. Ou inteirado do período ditatorial chileno pra compreender as nuances políticas dessa ou daquela produção. O caso é que o filme dirigido por Jason Reitman é ruim mesmo. Uma bagunça irritante, caótica, supostamente divertida, e que é tão cansativa que eu quase cogitei desistir.

E em geral, em si, parecia uma boa ideia. Mesmo que a gente não conheça tão bem assim esse produto tipicamente estadunidense, meio que qualquer sujeito que aprecia programas de esquetes já cruzou nas timelines da vida com alguma sequência engraçada do programa que, há cinquenta anos, vai ao ar nos sábados à noite, nos Estados Unidos. Então porque não contar essa história de como foram as ansiedades por trás das câmeras na hora e meia antes da estreia? Legal, né? Baita! Só que não. Tendo o produtor Lorne Michaels (Gabriel LaBelle) como uma espécie de fio condutor da narrativa que leva o espectador de lá pra cá nesse tour guiado bagunçado de corredores apertados, cubículos cheios de gente, palcos improvisados, estúdios adaptados e percorridos por 50 mil pessoas ao mesmo tempo, todas gritando, perguntando alguma coisa, falando basicamente o tempo todo, a sensação é de apenas claustrofobia. E talvez raiva.

 


A impressão que se tem é a de que ninguém fazia a menor ideia do que estava fazendo ali, antes do programa ir ao ar na sua primeira edição - e, ok, parece que a história foi essa mesma. A ideia era substituir (até onde entendi porque nem sempre) as reprises do programa do Johnny Carson. Então é meio que isso: cenários sendo construídos de última hora, esquetes sem graça ensaiadas faltando meia hora pra estreia, profissionais desistindo no meio do caminho, brigando, se avacalhando. Aliás, taí uma boa palavra: avacalhação total. E mais, como se fosse uma massa disforme sem nenhum personalidade, o conjunto de astros se comporta de uma forma tão inexplicavelmente homogênea - todos com aquele sendo de humor meio de tiozão cringe -, que ninguém parece possuir algum traço especificamente particular, distinto. Sendo o auge do erro de escalação, nesse sentido, o caso de Nicholas Braun (o eterno e ótimo Greg, de Sucession), que sério, quem quiser que se arrisque a conferir.

No mais, as poucas partes que se salvam são aquelas em que há um respiro eventual motivado por alguma saída de dentro do estúdio - uma ida ao terraço, ou ao bar -, em que as coisas se acalmam um pouco e a gente quase se conecta com algo ou alguém ali. São instantes eventuais em que há um ensaio de profundidade. De calmaria. E como seria bom se houvesse mais desses momentos na produção. No mais, a gente não se importa muito. Não importa se Chevy Chase (Cory Michael Smith) tinha pinta de galã metido e arrogante, se George Carlin (Matthew Rhys) parece irritado com tudo e com todos, se os executivos de estúdio tão batendo cabeça, se uma censora tenta cortar trechos do texto porque eles podem ser, uau, escatológicos ou cheios de piadas sexistas. É um ambiente que, em conjunto, soa ultrapassado - ainda que haja um esforço coletivo em se apresentar o tempo todo como subversivos, anárquicos, revolucionários. Vamos combinar, né galera, o SNL é um bom programa. Mas não salvou a TV. O que não justifica essa "homenagem" tão estupidamente histriônica.

Nota: 2,0

 

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