terça-feira, 14 de julho de 2020

Novidades no Now/VOD - Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars (Eurovision Song Contest: The Story Of Fire Saga)

De: David Dobkin. Com Will Ferrell, Rachel McAdams, Pierce Brosnan, Demi Lovato e Mikael Persbrant. Comédia / Musical, EUA, 2020, 123 minutos.

Por mais que seja palco de bandas e artistas bacanas como Sigur Rós, Of Monsters and Men e Björk, a Islândia tem uma "mancha" em seu currículo: jamais venceu o Festival Eurovision da Canção, competição musical que desde os anos 50 movimenta a Europa. Trata-se de um dos programas de TV mais antigos do mundo e que já revelou para o planeta coletivos como o ABBA e, bom... basicamente foi só o ABBA mesmo (a Céline Dion também venceu, mas a fama viria apenas anos mais tarde). O filme Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars (Eurovision Song Contest: The Story Of Fire Saga), mais recente bobajada capitaneada por Will Ferrel, parte mais ou menos dessa premissa, quando uma dupla do País se inscreverá no festival pra quebrar essa marca. A dupla é Sigrit (Rachel McAdams) e Lars (o próprio Ferrel) que, desde crianças assistiam o espetáculo e sempre desejaram estar entre os finalistas.

Bom, quem acompanha a carreira de Ferrell sabe que muitos de seus filmes são só desculpa para avacalhar ou parodiar algum esporte, competição ou segmento - como vimos nos hilários (admito) Ricky Bobby: a Toda Velocidade (2006) e Escorregando Para a Glória (2007), pra ficar em dois exemplos. Agora todos os clichês e exageros desse tipo de competição musical - a pirotecnia, a música robotizada e previsível, os figurinos espalhafatosos e os produtores mal intencionados -, estarão lá, numa série de piadas que, algumas vezes funciona, noutras não. Pra começar o filme é longo. Quase interminável. E uma visitinha a ilha de edição para dar uma aparada nas arestas não faria mal. Mais de duas horas numa comédia besta? Um pouco demais, o que faz com que a narrativa fique dando voltas e mais voltas em si mesma. Ok, há ali um par romântico em potencial. Ok, há a música e a mensagem de que a arte é algo superior ao espírito de competição. Ok, haverá a briga, os personagens que se colocam entre a dupla central, a reconciliação. Mas, volto a dizer, é meio demorado.


Fora isso, também não funcionam e até soam meio antiquadas as piadas escatológicas de tiozão - Ferrell coloca um preenchimento para parecer melhor "equipado" sexualmente, quando da primeira apresentação (é completamente besta) -, e um outro comentário preconceituoso, ainda que a crítica ao provincianismo das pequenas comunidades, não vou negar, em alguns casos soe engraçado (como no caso do amigo da dupla que, aos berros, praticamente exige que eles toquem a canção folclórica tradicional do País, ao invés de alguma novidade). No mais, também funciona razoavelmente bem o clichê do ambíguo vilão russo e a crítica à estupidez norte americana, como na sequência em que Lars explode diante de um grupo de turistas que pergunta se, naquele local, foram feitas as filmagens de Game Of Thrones. No fim é uma contínua sequência de esquetes médias, enquanto a jornada da dupla em busca da consagração vai acontecendo. Não sem haver percalços quase trágicos a cada ida ao palco.

Como ponto forte MESMO está a coleção de astros de outros países, caso de Ólafur Darri Ólaffson (da série Trapped), Mikael Persbrant (de Em Um Mundo Melhor), além da cantora Demi Lovato e de Pierce Brosnan que participa da melhor "piada referencial", logo no começo do filme, quando critica o filho que assiste o ABBA cantando Waterloo na TV, sendo que ele próprio participou do filme Mamma Mia. No mais é música, sintetizadores algumas mensagens espalhadas e um casal formado, com filho, pra todo o mundo ficar feliz. E, números musicais bem engraçados, especialmente aquele que envolve o já citado astro musical da Rússia (e, nesse caso, as piadas sobre a orientação sexual dele funcionam muito mais como uma crítica ao sistema autoritário do seu País de origem, do que qualquer outra coisa). Não vai mudar o mundo. Mas para um sábado despretensioso também não faz feio.

Nota: 6,5

Nenhum comentário:

Postar um comentário