Vamos combinar que seis anos entre um lançamento de disco e outro para uma banda pode ser um hiato bastante longo - ainda mais em tempos tão urgentes, apressados e cheios de acontecimentos relevantes como os que vivemos. Ainda assim, esse foi o período levado pelos catarinenses da Adorável Clichê para maturar o seu segundo registro de inéditas. Intitulado Sonhos que Nunca Morrem, o trabalho parece um pouco mais polido, com os vocais mais destacados, do que no enevoado álbum de estreia, o elogiado O Que Existe Dentro de Mim (2018). Na essência, pouca coisa mudou no shoegaze psicodélico de guitarras primaveris - uma das marcas registradas do quarteto integrado por Gabrielle Philippi (voz e guitarra), Marlon Lopes (guitarra e voz), Gabriel Geisler (baixo) e Felipe Protski (teclado). O que para os fãs certamente é um atrativo a mais.
Com apenas nove músicas e cerca de 34 minutos de duração, esse é daqueles discos que por vezes parecem nostálgicos, familiares - especialmente pelas melodias levemente açucaradas, que servem de base para as letras enigmáticas, que se organizam como pequenos fragmentos poéticos. Um bom exemplo nesse sentido, está na ambígua Devagar, que parece uma canção sobre amores apressados, mas talvez seja apenas a respeito da importância da conscientização no trânsito (E eu confio tanto em você / Mas eu não quero te perder / Então vá devagar). Já o single Depressão é sobre a nossa habilidade única de fazer papel de trouxa, quando em meio a um relacionamento tóxico - daqueles em que ficamos catando migalhas da pessoa amada (Penso em ignorar / As mensagens que manda de quando se lembra de mim). Atmosférico em alguns momentos, barulhento em outros, esse é daqueles pra ouvir repetidamente.
Nota: 9,0
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