De: Michael Pearce. Com Riz Ahmed, Octavia Spencer, Aditya Geddada e Lucian-River Chauan. Drama / Suspense / Ficção científica, EUA / Reino Unido, 2021, 108 minutos.
Na trama Riz Ahmed - indicado recentemente ao Oscar pelo excelente O Som do Silêncio (2020) - é Malik, um veterano de guerra condecorado, que parece empenhado em se proteger de microorganismos de origem alienígena que estariam atacando a Terra. O filme, aliás, abre com uma ótima sequência em que vemos insetos em movimento, seus modelos parasitários, seu comportamento de grupo, que visa a destruir algum eventual hospedeiro. Mas o que estaria, de fato, acontecendo? Há verdadeiramente uma invasão alienígena que careça de preocupação? Ou seria tudo fruto da cabeça perturbada do homem? Na dúvida ele sequestra seus próprios filhos - ele está separado e a ex já tem outro marido -, na intenção de protegê-los da ameaça invisível. O que ele faz obrigando-os a utilizar uma espécie de desinfetante corporal e evitando a exposição excessiva ao ar livre.
É claro que não demorará para que a polícia parta atrás de Malik, que empreende sua jornada de carro, cruzando uma série de estados, com o objetivo de chegar em uma espécie de base militar de pesquisas - e que seria um dos únicos lugares seguros para todos eles. De uma forma meio torta, esse road movie aleatório permitirá uma aproximação do protagonista com seus filhos Bobby (Aditya Geddada) e Jay (Lucian-River Chauan), que passarão a encarar tudo como uma grande aventura. Bom, ao menos será assim até o momento em que o mais velho começa a perceber que, na realidade, o pai pode estar meio lelé da cuca (e que, talvez, não haja invasão alienígena, ataque de insetos ou qualquer outra coisa). E essa impressão é ampliada pela presença da agente Hattie (Octavia Spencer), que tem papel importante na hora de nos fazer compreender o que está em jogo naquele contexto.
Mas como já disse antes, foi um punhado de boas ideias que talvez não tenham sido tão bem aproveitadas - ainda que o terço final (e o fechamento) não sejam insatisfatórios. Em um mundo polarizado em que a pandemia de covid-19 serve para colocar em polos opostos os terraplanistas que se alimentam de cloroquina e de outro os que acreditam na ciência e nas possibilidades de cura pela vacina, talvez fizesse mais sentido apresentar Malik como aquele sujeito reacionário, que acredita em teorias absurdas e que envolvem grandes segredos do globalismo e da guerra cultural como forma de dominação. Bom, ou talvez isso poderia soar apenas maniqueísta. Não se aproveitando com mais envergadura desse dualismo, a narrativa se torna apenas a luta meio desesperada de um homem (e daquilo que está em sua perturbada mente). É um drama ok, com boas sequências, ótima ambientação e intenções das melhores. Mas a sensação que ficou foi a de que havia potencial pra uma riquíssima ficção científica moderna, política e existencialista.
Nota: 7,0
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