Já faz umas três temporadas que sempre que a CMAT lança um novo disco, ele vai imediatamente pras cabeças, Ninguém por aqui deu muita bola quando ela entregou, em 2022, o absolutamente imperdível If My Wife New I'd Be Dead - nosso segundo colocado na relação daquele ano -, mas agora, com Euro-Country, tá com cara de que ela finalmente (e com justiça) vai furar a bolha. Até porque na lista de melhores artistas da última semana que ninguém ouviu (mas já deveriam ter ouvido), poucos terão a capacidade única de unir letras debochadas - pontuadas por uma série de críticas e comentários sociais e políticos ácidos e quase cínicos -, com violões country e arranjos pop perfeitos como Ciara Mary Alice Thompson. Como em seus registros anteriores, esse é um disco de dor e de humor, que ri de si, mas que também examina as crises atuais com sincera confiança.
Um bom exemplo dessa mistura pode ser percebido no sofisticado single Take A Sexy Picture of Me, que discute imagem e aceitação, a partir de uma experiência pessoal, em que a irlandesa sofreu uma onda de hate após um vídeo publicado no Instagram da BBC Radio 1, ano passado. "Nunca achei que fosse obesa e agora deveria ser presa por ter uma bunda grande e gorda", debochou à época, após ser surpreendida pela chuva de comentários atacando sua aparência. E a real é que essa é a habilidade de CMAT: a de pegar temas espinhosos para convertê-los em grandes canções, cheias de versos irônicos e de refrãos pegajosos. Político mas cintilante, reflexivo mas agridoce, esse é um álbum que parece se expandir a cada nova audição. O que faz com que ótimas músicas como When a Good Man Cries (sobre fazer um parceiro sofrer, mesmo que ele não tenha feito nada de errado) ou Running/Planning (a respeito de pressões sociais e planos conformistas) se tornem melhores a cada repetição!
Nota: 9,0
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