Vamos combinar que a figura da coisa grande, de tamanho maior (ou big), meio que funciona como um espectro onipresente no novo registro da baiana Jadsa. Em meio à emanações oníricas e sofisticadas que fundem jazz, samba rock e MPB e que sempre foram marca de sua carreira, não são poucas as menções ao enorme, ao gigante - nem que seja um gigante simbólico, uma alegoria para tempos de grandes expectativas, especialmente no que diz respeito à arte e seu imediatismo. Dos títulos das canções - Big Luv, Big Bang, 1000 Sensations, Big Mama, Big Buraco (que também nomeia o disco) , às letras provocativas e enigmáticas que parecem até maiores em sua simplicidade (As coisas acontecem quando querem / Quando crescem todo mundo vê / Não o caminho traçado a navalha / Mas o tamanho do bicho que é) - tudo remete a essa representação de profundidade, de intensidade.
Talvez uma audição descompromissada não resulte nessa percepção de imediato, mas em meio a sopros bem encaixados, efeitos que se espalham e percussão levemente experimental, o que se tem é um trabalho caloroso mesmo quando o assunto é o cotidiano. Por exemplo, na envolvente Big Bang, que abre o álbum, parece haver um certo apelo à importância das coisas simples (viver, comer e dormir bem) e da potência envolvida nisso. Já Tremedêra é aquela experiência brasileiríssima de jamelão, caju e mangaba e de metáforas sensuais, de sabores, amores e sotaques bem nossos. Expediente que se repete na sexy Sol na Pele, com seu refrão grudento e clima primaveril estilo Mahmundi. Em resumo, é o dia a dia em alegorias apaixonadas, pulsantes, de degustação de loucura e de outras sensações. Ao cabo, o buraco pode ser um lugar de aconchego também. Como vocês bem sabem.
Nota: 8,0
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