Sério, não tem como não gostar. Evidentemente que, hoje em dia, existem centenas de bandas hypadas mundo afora, realizando trabalhos de grande complexidade, misturando estilos variados, heterogêneos, climáticos. As publicações do segmento ficam excitadíssimas. Nós também ficamos, claro, não vamos negar. Mas escutar um registro como este Everything At Once é quase como voltar para a casa dos pais depois de uma temporada longe. Ou para junto dos amigos da época do Ensino Médio, mas aqueles que a gente efetivamente amava, num daqueles improváveis reencontros. Há um sabor familiar naquilo tudo que você já vivenciou na sua adolescência - ou mesmo pós-adolescência - de quem deve decidir qual o caminho a seguir na vida adulta. É um conforto que te afaga, te aconchega, te coloca diante de signos facilmente reconhecíveis, de refrões já absorvidos e que agora são reembalados em um novo formato.
Hoje em dia, por exemplo, são poucas as bandas que investem forte no videoclipe. E o Travis sempre teve essa característica - e basta lembrar como foram marcantes aqueles que acompanhavam canções como Sing, Side, My Eyes, Re-Offender e Coming Around, entre outras. Pois para divulgar o recém lançado registro, o grupo manteve o expediente, com os primeiros singles - a divertidíssima e saudosista Magnificent Time e robusta 3 Miles High, que não faria feio em The Man Who (1999) - contando com clipes absolutamente simpáticos, leves, afáveis. Fran Healy, que desde o lançamento de Where You Stand (2013) - outro ótimo trabalho - ultrapassou a marca dos 40 anos, canta, dança, sorri e sacoleja (e ainda faz caretas) como sempre fez e como se estivesse em início de carreira - a despeito do visual tiozão da meia idade. Isso é respeito aos fãs. E a quem gosta do quarteto.
Então, se quando você ouve falar sobre um novo trabalho de uma banda que já está na estrada há quase 20 anos você fica de "mimimi, a época deles já passou", pode ir parando. As músicas são gostosas e assobiáveis, ainda que, é preciso que se diga, nada homogêneas - o que definitivamente não compromete. A já citada Magnificent Time é circense, alegre, colorida. O mesmo vale para Radio Song, que chega a ter uns efeitinhos que remetem (pasme) aos gaúchos da Bidê Ou Balde (algo nada proposital, certamente). Por outro lado há também espaço para a introspecção, especialmente no lado B, com a potente Idlewild - ao lado da cantora Josephine Oniyama - e em Strangers On A Train, que fecha o disco de modo grandioso, ao estilo do U2 nas melhores fases. E se viver é urgente, é uma coisa pra ontem e que não podemos ficar sem, que seja com música boa. O Travis tem feito sua parte.
Nota: 7,9
Gosto de disco com começo, meio, e fim. Disco que conta uma história mais longa e complexa que somente uma faixa seria incapaz de completar. Assim, gosto de "degustar" com tempo e calma cada obra, inteira. Ainda não concluí nada sobre o oitavo álbum deles, mas geralmente quando preciso ouvir várias vezes pra concluir qualquer coisa, é porque é bom. Abraço e parabéns pela resenha!
ResponderExcluirTenho certeza de que, conhecendo a sensibilidade do primo, apreciará este registro! Obrigado demais pelo comentário, Isma! Sempre bom receber um feedback desta envergadura! Abraço! =D
ResponderExcluirPerfeita sua colocação " refrões já absorvidos e que agora são reembalados em um novo formato."
ResponderExcluirNão há como não gostar de Travis Pois é uma banda que nos remete aquele som amadeirado digno de se ouvir em dias de chuva andando de carro ou até mesmo indo visitar aquele amigo que você não vê a muito tempo o Travis nos remete a isso nostalgia e música pura.
ResponderExcluir