Cena: Dando aula de tango
Existem alguns filmes que, se não foram assim tão marcantes no que diz respeito a recepção da crítica, o mesmo não se pode dizer em relação ao público. E é exatamente esse o caso de Perfume de Mulher (Scent Of a Woman), lançado em 1992 e protagonizado por Al Pacino. Na trama, o astro é o tenente-coronel Frank Slade, que fica cego após a guerra, tornando-se um sujeito progressivamente amargurado, infeliz, solitário e odioso na mesma medida, uma vez que não hesita em tratar as outras pessoas de maneira preconceituosa e racista, tudo travestido pelo mais completo deboche. A chegada de um jovem - vivido por Chris O'Donell - que lhe servirá de acompanhante em uma viagem a Nova York, enquanto sua família está de férias, modificará a sua vida pra sempre. Fazendo, inclusive, com que ele altere algumas de suas convicções.
O filme é bacana e Pacino está irretocável como esse reformado do exército de modos sisudos e conservadores, bem ao estilo dos votantes de Donald Trump. Mas é provável que muitos nem lembrem direito de todos os eventos ocorridos na obra dirigida por Martin Brest (de Um Tira da Pesada), sendo certamente a cena mais marcante a indefectível sequência em que Frank dança tango com uma jovem, ao som de Por Una Cabeza, de Carlos Gardel. Uma sequência de imagens tocante, ao mesmo tempo sensual e singela, e que mostra um outro lado dessa persona tão complexa encarnada por Pacino na película. Perfume de Mulher é definitivamente o filme da "cena do tango". E é preciso que se diga que este inesquecível momento do cinema só seria mais impactante se fosse executado por um artista realmente cego. Ainda assim é preciso dar todos os méritos a Pacino, que conduz esse momento, certamente uma das Grandes Cenas do Cinema de maneira soberba.
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