sexta-feira, 20 de março de 2020

Picanha.doc - Apollo 11 (Apollo 11)

De: Todd Douglas Miller. Com Neil Armstrong e Buzz Aldrin. Documentário, EUA, 2019, 92 minutos.

Nos Estados Unidos da Era Trump, não deixa de ser perfeitamente compreensível o fato deste documentário estar sendo tão falado - aliás, era um dos favoritos ao Oscar mas perdeu força no final, sequer chegando entre os indicados. Apollo 11 (Apollo 11), afinal de contas, é uma grande celebração do evento ocorrido há 50 anos e que levou, em uma missão muito bem sucedida, três astronautas para a lua. E o que ele tem de diferente de tantos outros filmes do tipo já feitos? Bom, o principal é que o filme se utiliza, em sua totalidade, de cenas de arquivo do antes, do durante e do depois, sem muita enrolação. E serão esses pequenos recortes que contarão a história. Não há narrações em off, grandes explicações científicas de cada um dos detalhes da expedição, ou entrevistas com especialistas (políticos, jornalistas, personalidades). Há apenas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins indo para a sua jornada rumo ao desconhecido. Como teria de fato acontecido.

Patriótica ou não - e é inevitável perceber esse movimento, seja nas bandeirinhas americanas que celebram seus "heróis", seja nas palavras do presidente Richard Nixon direcionadas à tripulação, seja naquelas salas da Nasa povoadas por homens brancos, héteros, orgulhosos de sua nação e do seu feito -, mas o caso é que o documentário tem sua relevância, sendo riquíssimo no que diz respeito a material de arquivo. Com exceção de um ou outro gráfico de apoio que nos ajuda a nos situarmos em relação à narrativa, o filme todo é um condensado que inicia nas salas imponentes da Nasa, passando para a parte interna dos módulos da Apollo 11 e alternando entre um e outro ambiente. Como consequência da magnitude do fato, a obra também se ocupa de mostrar a mobilização dos americanos, que se reuniram aos milhares, junto a estação em que fica a Plataforma Kennedy - local do lançamento.


A despeito de ser um documentário sobre um tema que tem lá sua densidade - há uma série de siglas que não entendemos, de comandos técnicos nem sempre fáceis de captar -, a película do diretor Todd Douglas Miller se desenrola sem complicações. Há espaço para instantes clássicos - como é o caso da famosa frase dita por Armstrong quando se preparava para colocar o pé na lua ("um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade") e para outros recortes pequenos, bem humorados, íntimos, especialmente do interior da nave. Mesmo sabendo do sucesso da missão, não deixa de haver uma genuína sensação de tensão em algumas sequências - em especial, destaco o momento em que o módulo lunar Eagle quase fica sem gasolina, no momento em que estava prestes a pousar. É um alívio quando esta etapa é bem sucedida!

Teorias conspiratórias gostam de afirmar que a missão Apollo 11 foi um filme feito por Stanley Kubrick, e eu não vou negar que me divirto com esta possibilidade (e é provável que os mais ligados encontrem indícios disso nas imagens de arquivo apresentadas). Por outro lado, os terraplanistas apaixonados pelos States provavelmente entrarão em parafuso ao perceberem que, vejam só, a Terra é realmente redonda! Independente da corrente em que cada um de nós acredita, o fato é que a exploração do desconhecido sempre nos causou grande fascinação - por mais que, no caso das expedições feitas nos anos 60, o objetivo fosse muito mais exibir poderio bélico aos "inimigos" russos, do que trazer para casa algum resultado prático, que pudesse encadear algum encaminhamento mais relevante. De qualquer maneira, nos restam os filmes. E este documentário tem seu valor.

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