Agora pensa: se já é difícil ter um bom argumento e convencer "meia dúzia" de seguidores no Feice a concordarem com você (ou Eu que, é preciso que se diga, nem somos lá grandes coisas em questões como política ou economia), imagina ir em cadeia nacional participar de diversos debates com alguém com idéias diametralmente opostas às suas. Tem que ter coragem, não é mesmo? E foi isso mesmo que aconteceu no ano de 1968 nos Estados Unidos, e é retratado neste documentário de 2015 intitulado Best of Enemies (Melhores Inimigos), dirigido por Robert Gordon e Morgan Neville e um dos pré-selecionados para concorrer a uma indicação ao Oscar 2016 em sua categoria.
Longe de criar uma espetacularização do debate (que, diga-se de passagem, foi fundamental para alavancar a audiência de uma até então capenga ABC), o filme acaba por humanizar seus personagens, mostrando os dois lados sem assumir um posicionamento, valorizando-os e criando empatia no espectador, que testemunha uma rivalidade cujo ressentimento permaneceu até o fim de suas vidas. E é justamente este enxergar dos dois lados que tanto faz falta hoje em dia. É possível sim que aquela pessoa não seja justamente um monstro por ter tal opinião política, muito embora eu não concorde em nada com ela. E mais: vale a pena tentar vencer a todo custo uma batalha cujos efeitos, no fim das contas, serão sentidos por todos nós? Podemos dar o braço a torcer e ceder a argumentos mais coerentes que o nosso? Como podemos ver neste belíssimo filme (que está disponível no Netflix), nem mesmo as mentes mais brilhantes são capazes de ultrapassar esta barreira tão difícil.
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