De: Stephen Chbosky. Com Vince Vaughn, Susan Sarandon, Lorraine Bracco, Talia Shire, Brenda Vaccaro e Linda Cardellini. Comédia, EUA, 2024, 112 minutos.
Vamos combinar que nos dias de hoje, e nos consultórios de nutricionistas mundo afora, se convencionou chamar de "comida conforto" aquele alimento que desperta uma sensação de acolhimento, de memória afetiva, algo que pode estar ligado ainda à infância ou a momentos especiais em família. Bom, e se a comida que conforta é conectada ao sentimento de nostalgia, o mesmo pode-se dizer de certos filmes - e é exatamente esse o caso de Nonnas, produção que acaba de estrear na Netflix. Nos fóruns sobre a obra dirigida por Stephen Chbosky - do bonito Extraordinário (2017) e do horroroso Querido Evan Hansen (2021) - não será preciso rolar muito a timeline para encontrarmos a definição ideal: é o filme Sessão da Tarde. O que para nós, brasileiros, é sinônimo de produção para ver bem acompanhado (seja de alguém que você ama ou mesmo de um prato saboroso), com todos saindo emocionados nos créditos finais.
E nesse caso há um plus "a mais" já que a trama é inspirada em eventos reais - e conta a história de origem do restaurante Enoteca Maria, tocado por Joe Scaravella desde 2007 no distrito de Staten Island, em Nova York. E, como em qualquer produção que tem empreendimentos do tipo como pano de fundo, aqui não serão poucas as sequências com closes de iguarias irresistíveis, doces e salgadas, pra deixar todo mundo com água na boca (sendo, aliás, uma forma perfeita de nos fazer conectar com a história, afinal de contas, quem não gosta de um bem elaborado prato de comida, ainda mais da culinária italiana?). Na trama, Joe ganha o rosto de Vince Vaughn que, a despeito do carisma meio negativo, se empenha em dar ao protagonista as feições de um sujeito enlutado, que parece precisar de alguma motivação na vida para continuar, para sobreviver.
O homem, de origem italiana, acaba de perder a mãe - a Maria (Kate Eastman), que dará nome ao restaurante. E é com ela que ele guarda as melhores memórias da juventude, à beira do fogão, quando ela e sua avó lhe ofereciam o mais perfeito molho ao sugo. Uma receita guardada a sete chaves, que ele não faz ideia de como replicar. Só que os melhores amigos Bruno (Joe Manganiello) e Stella (Andrea de Matteo) estão preocupados com Joe. Querem que ele faça alguma coisa. Tenha algum propósito. A solução? Usar parte do dinheiro do seguro de vida da mãe para abrir um restaurante. Oferecendo comida afetiva, com sabor de casa. De preferência feitas pelas nonnas, pelas avós. Sim, parece uma premissa meio condescendente e que vai ser matéria-prima pra um roteiro cheio de conveniências? Parece. Só que ainda assim é absolutamente saboroso.
Especialmente quando entram em cena as avós - a gilf sexy Gia (Susan Sarandon), que também é cabeleireira; a solitária misantropa Roberta (Lorraine Bracco), uma siciliana que está em um lar de idosos e é melhor amiga da mãe de Joe; a viúva solitária Antonella (Brenda Vaccaro), uma bolonhesa que rivalizará com Roberta, garantindo alguns dos melhores momentos e a ex-freira certinha Teresa (Talia Shire), que ajuda a equilibrar os pontos. Além delas, também surge em cena Olivia (a linda, com o perdão do trocadilho, Linda Cardelini), que é uma antiga paixão de Ensino Médio e que, sabe-se lá por qual motivo se reaproxima de Joe para ajudá-lo. No mais, vocês já sabem: complicações pra consolidar o empreendimento, brigas de egos entre as senhoras, piadocas aqui ali, um tantinho de romance e aquele final que dará o quentinho no coração que, de vez em quando, é só o que a gente quer. Vá sem medo de ser feliz. E de preferência alimentado, porque vai dar fome!
Nota: 7,0
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