quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Pitaquinho Musical - Annahstasia (Tether)

"Talvez eu seja uma moralista / Uma anticapitalista / Que vende seus sonhos por grana / Pra comprar seda e veludo". Pesquisando um pouco sobre a história da Annahstasia eu achei curioso que, próxima dos 30 anos de idade, e com essa voz de veludo de Tracy Chapman moderna, ela estivesse lançando apenas o seu primeiro disco. Mas as coisas logo ficaram claras: assim que surgiu para o mundo ainda adolescente, ensaiando as primeiras canções, não demorou para que um grupo de empresários quisesse transformá-la meio que na marra na mais nova estrela da temporada. Uma daquelas cantoras de pop e R&B insípidas, que existem a rodo por aí, ideais para o consumo rápido - e para o esquecimento idem. Mas a artista tinha outros objetivos. Que parecem ficar evidentes nas letras bastante íntimas e quase explícitas, como no caso da ótima Silk and Velvet, que abre esse pequeno texto.

 


Bater de frente teve seu ônus, mas também seu bônus, como parece ficar evidente na audição de Tether. Esse é um daqueles discos com alma, que pega o folk e o rock e converte-o em algo quase espiritual, meio místico. Uma experiência elevada de arte para além da música. Que se escava pelas profundezas de forma densa, ainda que tudo pareça muito simples, já que a grande maioria das canções são feitas com violão, percussão e pianos minimalistas e efeitos econômicos. A voz quente e densa de Annahstasia é daquelas que aconchega, mesmo quando os versos surgem rasgantes, como no caso da ótima Believer (E eu só quero brincar de faz de conta às vezes / Mas eu preciso que você acredite / Que estou tentando o meu melhor / Então não me descarte como todos os outros), que encerra o disco em um gospel de estilo angustiado, com melodias pouco óbvias. É disco pra colocar no repeat. E ir absorvendo aos poucos.

Nota: 8,5 

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