Vamos combinar: quem acompanha a carreira do Terno Rei já se acostumou com a sua música de ambientação urbana, cinzenta, de final de tarde em meio aos prédios altos e as calçadas ásperas - o tipo de sentimento palpável, que emana da sonoridade nostálgica e melancólica. Sim, a impressão que dá é a de já termos ouvido essas músicas antes - nas madrugadas das rádios alternativas ou em algum lugar na transição dos anos 80 e 90, pra quem viveu ali a juventude. As referências são quase óbvias, indo de Smiths e The Cure a Phil Collins e Radiohead -, sempre com uma guitarrinha pulsante e um letras urgentes a respeito de dores cotidianas ou sofrimentos contemporâneos mal curados -, o que jamais significa falta de personalidade ou estilo próprio. O que fica bastante evidente em Nenhuma Estrela, quinto disco de inéditas que, não por acaso, é um dos melhores da carreira.
Com um conjunto de canções perfumadas por sintetizadores enevoados, bateria frontal e refrãos nunca óbvios, o quarteto paulistano capitaneado por Ale Sater mostra maturidade e segurança em um registro extremamente bem produzido, requintado em sua estética e emocionalmente arejado - como comprovam músicas excelentes, como, Nada Igual, Próxima Parada e Programação Normal (sempre propondo algum tipo de dança em meio à tristeza, que vai no limite entre o pop e o experimental). Já Casa Vazia brinca com a ideia por trás da solidão de um bicho de estimação - no caso um cãozinho e seu eterno estado de espera (Dessa casa vazia / Sou protetor / Isso é tudo que tenha pra dar). "Fico muito feliz em ver como nossa música consegue tocar as pessoas e acompanhar fases da vida delas. Assim como vocês sentem isso, eu também sinto", resumiu o vocalista Ale Sater ao site Música Pavê. Os fãs agradecem.
Nota: 9,0
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