segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Picanha em Série - Homecoming (1ª Temporada)

De: Sam Esmail. Com Julia Roberts, Bobby Cannavale, Stephan James, Sissy Spacek. Suspense / Ficção Científica, EUA, 10 episódios.

Série mais hypada do momento, Homecoming - exibida pela plataforma de streaming Amazon Prime - é a estréia de Julia Roberts como protagonista de produções para a telinha. E que estréia! Na trama acompanhamos a psicóloga/conselheira Heidi Bergman (Roberts) que trabalha no centro que dá nome a série - iniciativa que integra um programa de Governo que visa a auxiliar veteranos de guerra a superarem seus traumas e a se ressocializar. Entre uma e outra consulta individualizada - o paciente que mais acompanhamos nesse formato é o amistoso Walter Cruz (Stephan James) - há também atividades coletivas que visam a estimular os ex-soldados a buscarem emprego, a se relacionarem novamente com antigos amigos, entre outras. Tudo é perfeito demais. O local é isolado, cinza, asséptico. E despertará a desconfiança de alguns desses veteranos já tão calejados a respeito do real propósito do tal programa.

Sim, o que parece inicialmente ser uma série de "guerra" - com flashbacks de tragédias e perdas de soldados em meio a conflitos - não demora para se tornar uma atração de suspense, com algumas pitadas de ficção científica. Quais seriam afinal as reais intenções do Governo com o programa? Por quê as atividades deste duraram apenas quatro meses? E o pior de tudo: por quê os envolvidos com a iniciativa parecem não se lembrar de NADA que teria ocorrido no local, como se tivessem passado por algum tipo de lavagem cerebral? O clima de mistério crescente é reforçado pela trilha sonora absolutamente hitchcockiana, que eleva os acordes nos momentos de tensão. E pela sensação permanente de que possamos estar diante de algum tipo de abuso de poder, legitimado por grupos de poder inescrupulosos e sem nenhuma preocupação real com a saúde dos envolvidos.



No centro da história, Heidi acaba também se reconhecendo, aos poucos, como uma vítima do sistema em que está inserida - e a sua conturbada relação com o seu chefe, Colin (Bobby Cannavale), só reforça essa ideia. De forma hábil, o diretor Sam Esmail (nome por trás de Mr. Robot, outra séria maravilhosa) abusa do estilo especialmente nas cenas que mostram Heidi no futuro, como uma garçonete de vida simples. Nesse sentido, é interessante notar como a opção de formato de tela 1:1 com barras laterais ampliam não apenas a sensação de claustrofobia, mas a impressão de que algo de fato está errado. O mesmo vale para sequências inesquecíveis, como aquela em que dois soldados tentam fugir do Centro e acabam andando em círculos no vazio, até chegar a uma espécie de "colônia de idosos". Ou mesmo aquela em que a mãe de Walter tenta resgatá-lo do local, mas sem sucesso.

Há um grande mistério por trás dos objetivos da iniciativa Homecoming e a forma com que a história vai sendo descortinada é um dos grandes prazeres de se assistir a esta produção. Julia talvez esteja em seu melhor papel desde Erin Brockovich (2000, que lhe rendeu o Oscar) equilibrando na medida certa a serenidade necessária da psicóloga, com a angustiada figura a serviço do Governo, que percebe que está sendo enganada. A trama tem ainda personagens secundários importante, como o funcionário do departamento de Defesa Thomas Carrasco (Shea Whigham), que investiga o que está por trás da iniciativa. Além de Sissy Spacek, como a mãe de Heidi. Facílima de assistir, Homecoming tem apenas 10 episódios que, juntos, não somam mais do que cinco horas. Se você está procurando aquela série bacana pra maratonar, bom, está aí a sugestão!

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